Em julho, três frentes frias rigorosas passaram pela região de Presidente Prudente, o que deixou o clima muito instável. Em uma região, como a do oeste paulista, onde os termômetros costumam ficar acima dos 30º C durante boa parte do ano, é comum que ao longo do inverno as pessoas tomem banhos quentes e consumam menos água pelo fato das temperaturas estarem mais baixas que o habitual. Porém, estes hábitos podem trazer impactos à pele, ainda mais com o contexto pandêmico, onde as pessoas passaram a utilizar álcool em gel com bastante frequência. A médica especialista em dermatologia clínica, Deusita Fernandes Gandia Soares, fala sobre as cautelas que devem ser tomadas para que a pele não sinta os impactos deste cenário descrito no começo do texto.
De acordo com a especialista, a baixa umidade do ar e as temperaturas mais frias no inverno levam à diminuição na transpiração do corpo. “Esses fatores fazem com que a pele fique mais seca e, nesta época, é comum tomarmos banhos mais quentes, que provocam uma remoção da oleosidade natural da pele, diminuindo o manto lipídico [hidrante natural da pele]”, explica. Com isso, segundo a médica, a pele fica com aspecto esbranquiçado e é essencial fazer uma hidratação mais profunda do órgão, que, por sinal, é o maior do corpo humano.
“Além disso, é importante investir em uma alimentação saudável, rica em vitaminas e antioxidantes”, pontua Deusita. Entre os alimentos repletos em vitaminas e antioxidantes que auxiliam a pele, estão frutas como o limão, laranja, tangerina, morango e cereja; legumes como repolho, brócolis e cenoura; e também, nozes, castanhas e amêndoas. E lógico, sempre consumir no mínimo dois litros de água por dia.
“É importante que, desde a criança pequena até o adulto, tanto quanto o idoso, tomem estas medidas de precaução com hidratações nesta época e diminuam os agentes que são agressores. Quais são eles? Sabonetes, banhos prolongados com água muito quente e evitar tecidos sintéticos que possam irritar a pele”, recomenda Deusita. Ela elucida que em situações de ressecamento da pele algumas doenças podem aparecer, entre elas, a dermatite seborreica, dermatite atópica, psoríase e a ictiose. “E também algumas inflamações de pele pelo prurido [coceira] constante, às vezes traumatizam a pele pelo ato de coçadura e muitas vezes chegam a machucar”, pontua.
A médica também recomenda que durante o banho é sempre bom evitar ensaboar demais o corpo e usar buchas muito ásperas. “São ocasiões que também contribuem para alterar a composição do manto hidrolipídico, que é um hidratante natural produzido pelo organismo e que protege a pele”, reforça.
E qual seria o momento mais adequado para hidratação com cremes? Deusita explica. “O ideal é passar o hidratante imediatamente após o banho, nos primeiros minutos ao sair do banho. Eu até recomendo minhas pacientes, ao sair do chuveiro, secar com a toalha e passar o hidratante enquanto a pele está aberta”. Conforme a especialista, no inverno, é primordial, também, que se hidrate os lábios com hidrante labial para evitar rachaduras ou ressecamento desta região da boca. Em peles oleosas, a recomendação é usar hidrantes oil-free, que são formulados com quantidades mínimas ou sem a adição de óleo na composição do produto. “Já a hidratação de peles mais maduras, recomendo componentes que contenham um pouco mais de óleo e ácido hialurônico”, pontua.
Com a pandemia de Covid-19, uma das principais indicações médicas quanto à prevenção é o uso de álcool em gel e a higienização constante das mãos. Deusita indica que ambos contribuem para piorar o ressecamento da pele, mas, para atenuar isso é recomendável usar um creme hidrante de mãos. “Tenho sugeridos aos pacientes a hidratação intercalada com uso do álcool para manter o manto de proteção da pele”.