O romance que recebeu da escritora prudentina, Neia Marques, o título de “Parda”, o qual lhe permitiu ser uma das 61 premiadas no Prêmio Literário Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, pelo MinC (Ministério da Cultura), é uma obra inédita, que será lançada no próximo ano. História forte, tal “tragédia” é sobre uma adolescente interiorana vendida pelos pais.
Para aguçar o interesse dos seus leitores, a escritora já adianta um pouco sobre a história que lhe rendeu o prêmio. Quando Parda desembarcou da carroceria do velho caminhão na cidade de Jaciporã, imaginava que a única mudança seria a troca do cafezal mineiro pelo canavial paulista, porém o inimaginável ocorreu. Parda foi arrematada pelo velho que atravessou a rua para vê-los melhor, e os vendedores foram seus pais.
Com o corpo violado e a alma encarcerada, e tendo até mesmo a morte lhe sendo negada em tentativa de suicídio, Parda teria que inventar meios de sobreviver ao latifundiário estuprador, ao matador de aluguel e a sua família ambiciosa. Quem sabe o segredo da patroa demente não fosse a solução? Flores de São José! As mesmas usadas pela velha senhora para matar seu primeiro marido, talvez servissem para matar o segundo, dessa vez pelas mãos de Parda.
Com a violência do estuprador se expandindo e se materializando na morte de uma prostituta redimida de nome Lurdinha, Parda sabia que seria a próxima a ser aniquilada. Precisava de estratégias para manter-se viva. Havia poucas alternativas: Tornar-se assassina ou tornar-se necessária.
Parda estava com medo e só. O medo e a solidão não são boas conselheiras para uma menina ainda em formação, mesmo que haja pequenos sopros de consciência.
Estando entre feras, a animalidade se mescla com a essência humana. Qual sobreviveria? E poderia haver sobreviventes entremeio À imundície do desamor?
“PARDA”
Essa “tragédia” é sobre uma adolescente interiorana vendida pelos pais.
Essa “constatação” é sobre pais que não conseguem amar e proteger os filhos.
Esse “questionamento” é sobre uma mulher castigada que mata o marido para usufruir da companhia de seu empregado.
Essa “denúncia” é sobre um latifundiário que comete estupros e encomenda mortes sem ser descoberto.
Essa “confissão” é sobre um matador de aluguel que ama ver suas vítimas implorando por salvação.
Essa “declaração” é sobre um velho vendedor de ervas que faz da vivência sua rota de sabedoria.
Esse “grito” é sobre vítimas de preconceitos caladas pela violência.
Essa “verdade” é sobre se tornar ou não “fera” convivendo entre elas!
