Um vídeo publicado pelo fotógrafo prudentino Adriano Kirihara em sua conta no Instagram revela um espetáculo da natureza que ocorre em Teodoro Sampaio: a revoada de um bando de garças-vaqueiras com destino ao seu dormitório no entorno do Parque Estadual Morro do Diabo. A filmagem impressionante foi feita no final da tarde desta terça-feira. Além do vídeo (assista no final da matéria), ele também registrou fotos, cedidas a O Imparcial.
Kirihara prestigiou o show apresentado pelas aves após conhecer o local por meio do também fotógrafo José Roberto Pireni, que é vizinho do Morro do Diabo e se aventura pela natureza para fazer registros da rica biodiversidade de Teodoro Sampaio.
Ele conta que chegou pela primeira vez ao dormitório das garças-vaqueiras há cerca de três anos e eventualmente consegue capturar o momento em que elas retornam em bandos para o local. “Durante o dia, elas ficam distribuídas pelos pastos e, à tardezinha, voltam em bandos de 150 a 200 aves”, expõe.
Kirihara aponta que, sempre que mostra os registros, as pessoas ficam surpresas com o fato de o espetáculo acontecer em Teodoro, mesmo aquelas que residem na cidade. “A natureza tem essas surpresas e é importante que o fotógrafo esteja sempre em busca desses momentos, prestando atenção nos habitats dos animais para poder descobrir locais como o dormitório das garças e garantir esse tipo de registro”, pondera.
Foto: Adriano Kirihara - Imagem documenta momento em que aves retornam ao seu dormitório
Pireni, que é um aventureiro das matas da região do Morro do Diabo, identificou o dormitório em uma de suas andanças e até levou um ornitólogo (profissional que se dedica ao estudo das aves) para ajudá-lo a entender por que elas se concentram ali. O profissional então lhe explicou que estas garças se deslocam dezenas de quilômetros para dormirem juntas como forma de proteção. “Se elas estivessem sozinhas, seriam presas fáceis para predadores”, ressalta.
O fotógrafo relata que as garças-vaqueiras levam tal nome porque ficam pelos pastos fazendo a “limpeza” de carrapatos e insetos na pelagem do gado. Aos finais de tarde, já alimentadas, tomam o caminho em direção ao dormitório. “Quando elas chegam, é um barulho danado e incrível!”, completa.
Foto: Adriano Kirihara - Dormitório fica no entorno do Parque Estadual Morro do Diabo
Conforme o Guia de Aves do Pantanal, da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil do Sesc (Serviço Social do Comércio) no Pantanal, a garça-vaqueira, também conhecida como garça-boiadeira e garça-carrapateira, veio da África ao continente americano e se espalhou rapidamente, hoje ocupando todas as áreas abertas onde o gado esteja presente.
Ela se reproduz em colônias e, mesmo fora do período reprodutivo, é muito gregária, possuindo pousos noturnos de dezenas, centenas ou mesmo milhares de indivíduos. Tanto esses pousos, como os ninhais reprodutivos, se localizam em galhos sobre a água.
Ainda segundo o guia, sua plumagem é branca, especialmente quando juvenil. No período reprodutivo, desenvolve uma plumagem alaranjada no alto da cabeça, peito e costas. Essa coloração diferenciada permanece, embora esmaecida, na plumagem do adulto. É um pouco maior do que a garcinha, mas se diferencia pelo bico amarelo, de formato mais cônico, pernas e pés totalmente negros. No auge do período reprodutivo, as pernas e pés ficam alaranjados por completo, diferentemente da garcinha, que sempre mantém os pés amarelos em qualquer época do ano ou idade.
O guia pontua que é uma garça insetívora, caçando seu alimento longe da água.