Após publicar conteúdo ofensivo em que faz piadas com crimes de repercussão nacional e mazelas sociais, como a fome na África, o restaurante Primata Parrilla, de Presidente Prudente, entrou na mira de pelo menos seis instituições. Nesta tarde, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que a Polícia Civil vai investigar a conduta do estabelecimento. De acordo com a pasta, a ocorrência foi registrada ontem pela Delegacia Eletrônica e encaminhada à CPJ (Central de Polícia Judiciária) da cidade para apuração dos fatos.
Hoje, a Fundação Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) anunciou que, além de infração administrativa, fato pelo qual já foi multado pelo órgão em R$ 1.134,85, o estabelecimento cometeu crime ao fazer apologia de crime ou de fato criminoso. O diretor-executivo Fernando Capez mencionou que, por isso, o caso será encaminhado à Polícia Civil para providências.
O MPE (Ministério Público Estadual) também já foi notificado acerca do episódio. Segundo a Assessoria de Comunicação, a Promotoria de Justiça de Prudente recebeu representação sobre o assunto e esta se encontra sob análise.
Pouco tempo depois de ter aberto processo contra o restaurante, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), entidade que coíbe a veiculação de publicidade abusiva, destacou que o relator do caso concedeu, no final da tarde de ontem, medida liminar de sustação contra os anúncios do estabelecimento. O caso segue em andamento.
Já a 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Prudente comunica que, junto às comissões da Mulher Advogada, Direitos Humanos e Igualdade Racial, bem como à Defensoria Pública do Estado de São Paulo, deverá direcionar à Polícia Civil e ao MPE um requerimento para averiguação das denúncias recebidas sobre o caso.
Esta não é a primeira vez que a OAB e a Defensoria atuam juntas em relação à postura do restaurante. Em fevereiro deste ano, expediram à CPJ ofício para apuração de publicações supostamente racistas feitas pelo Primata Parrilla, tendo resultado em um inquérito. A Defensoria diz que aguarda o desfecho.
Na noite de ontem, o restaurante fez o primeiro recuo em relação ao conteúdo publicado no Instagram: deletou uma postagem que aludia ao assassinato de Eliza Samudio depois de ser notificado extrajudicialmente pela família da vítima.
Procurada hoje pela reportagem, a administração do estabelecimento manteve o posicionamento em que defende o seu direito de fazer piadas. “Uma piada é somente e exclusivamente uma piada. As pessoas que não gostaram não têm nada a ver com a situação. Respeito a opinião delas, afinal, estamos em um país democrático e elas também podem opinar sobre o que quiserem, mas são somente opiniões sobre uma piada”, afirmou.
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