Após anos de estudos, a maior dificuldade no ponto de vista dos profissionais recém-formados em Medicina é a busca pela primeira oportunidade no mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) apontou que, após passar pela graduação, que dura cerca de seis anos, a maior parte dos médicos ouvidos (2.705) faz a opção de trabalhar em hospital. Em segundo lugar aparece a busca pelo consultório particular (1.670), seguida pelos postos de saúde (1.802) e pelo Programa Saúde da Família (750). Ainda de acordo com a pesquisa, para 2.579 recém-formados, o foco é a residência, e as áreas mais pretendidas são: pediatria (400), ginecologia (245) e medicina de família (58).
Segundo a Assessoria de Imprensa do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Presidente Prudente, a residência médica mais procurada no local é a especialidade em oftalmologia, seguida de pediatria.
O recém-formado Gabriel de Souza Mota, 25 anos, conta que o período de pós-graduação foi de indecisão. A princípio existia a possibilidade de seguir carreira em São Paulo, onde a família mora e o mercado de trabalho é bem mais amplo – ele até cogitou aceitar qualquer proposta dentro da área que surgisse.
Mas seu desejo mesmo sempre foi permanecer na região. Mas, aqui Gabriel via certa concorrência para pegar plantões. E não é que seu desejo foi atendido? Um mês antes de se formar abriu um concurso para médico plantonista na região de Prudente, pela Prefeitura de Pirapozinho. Além disso, o recém-formado ganhou a oportunidade de fazer parte do corpo clínico da santa casa de Álvares Machado.
“A residência não é um sonho tão distante e já faz parte dos meus planos. Residência é essencial para um médico hoje em dia. Enquanto isso, além de trabalhar, me preparo para as provas. Decidi que seria médico quando era criança. Nunca prestei vestibular para nenhum outro curso que não fosse Medicina. Nunca cogitei outra possibilidade de carreira”, expõe Gabriel, que pretende se especializar em otorrinolaringologia.
Conselhos ajudam
“Durante a graduação já deu para observar e tirar dúvidas com veteranos que já passaram por fases parecidas e seguir uma boa orientação deles: ‘Devemos seguir o caminho que mais nos satisfaz em todos os sentidos, tendo em vista o perfil que cada profissional tem e qual condiz com você”, afirma Lucas Cunha Ferreira Castro Tolentino, 24 anos, que no início da faculdade tinha o desejo de se especializar em diversas áreas, mas, com o passar do tempo, acabou se encantando também pela otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço. E, é nisso que pretende se especializar.
“Em breve devo começar as atividades no programa federal Mais Médicos, em Adamantina, que escolhi devido ao suporte e prestação de serviço para a população. Mas, tenho em meus planos, de fato, a residência que espero conquistar ainda neste ano. Nesse meio tempo, entre graduação e fim de ano, fiz provas de qualificação para isso”, expõe o jovem profissional.
Tanto Gabriel quanto Lucas ressaltam que, mesmo após a graduação, um constante processo de aprendizado e atualização deve ser exercitado durante todo o exercício da carreira. “O conhecimento médico e a medicina vivem em constante mudança e aprimoramento”, acentua Lucas.
Fotos: Marcio Oliveira
Lucas queria se especializar em diversas áreas, mas optou por otorrinolaringologia
Gabriel diz que residência não é um sonho tão distante e já faz parte dos seus planos
Formando profissionais
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), mais de 2,5 mil candidatos se inscreveram no último ano nos processos seletivos de Medicina. Em Presidente Prudente, por ano, o curso oferta 220 vagas. Em Jaú, que está com a segunda turma, 55. A primeira turma da Medicina em Jaú iniciou em agosto de 2018, sendo um curso aguardado e procurado, principalmente por se tratar do único curso médico da cidade e microrregião. Conforme a assessoria, a Unoeste forma o médico generalista. O curso de Medicina tem por princípio orientar a formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuação nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde nos âmbitos individual e coletivo.
“A Unoeste tem uma das melhores estruturas do Brasil, seja em metodologias de ensino ou em tecnologia; inclusive com avaliações de excelência pelo MEC [Ministério da Educação], Folha RUF e Guia do Estudante. O curso de Medicina da universidade tem mais de 30 anos de experiência na formação desse profissional”, destaca o diretor das Faculdades de Medicina, Gabriel Carapeba.
PERFIL
Samara Nogueira/Cedida
Nome completo: Ingra Maria Ceribelli
Idade: 22 anos
Nome completo: Gabriel Cabral Florentino
Idade: 28 anos
Curso e ano: 4º ano - 8º termo - de Medicina
Faculdade: Unoeste
Cidade: Presidente Prudente
O Imparcial: Quando foi que vocês tiveram a certeza de que queriam ser médicos?
Ingra: Desde criança eu sempre quis fazer Medicina. No 3º ano do colegial, via o pessoal estudando, indo para o hospital e então tive a certeza que era isso mesmo que eu queria. O Gabriel também sentiu esse desejo no mesmo ano escolar. Mas, naquela época, ele era muito da música e esporte, jogava futebol. Decidiu então fazer Direito. Fez apenas um ano e viu que não era aquilo que ele queria e foi fazer Publicidade e Propaganda, e se formou. Depois disso, ele decidiu que realizaria o seu sonho e faria Medicina. Na ocasião teve a oportunidade, por conta também do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], que na nossa época tinha facilidade de conseguir.
Qual foi a reação quando viram o nome de vocês na lista após o vestibular?
Eu estava doando sangue para a minha prima, que havia sofrido um acidente, quando uma amiga me ligou contando que nós havíamos passado. O Gabriel estava do meu lado. Eu fiquei toda agitada, queríamos ir lá na frente da faculdade para ver se era verdade. A enfermeira ainda falou para eu ficar calma, que não podia me exaltar porque poderia desmaiar. Terminada a doação, tomei um suquinho correndo e corremos para a faculdade para ver nosso nome. Chegando lá foi uma festa, a galera se abraçando, pintaram a gente. Foi muito legal!
Quando começaram o curso de Medicina?
Começamos o curso em 2015. O Gabriel já era formado em Publicidade e há um tempo já fazia cursinho. Aliás, nos conhecemos em 2014, exatamente no cursinho. Então, estudamos juntos e prestamos juntos o vestibular.
Como é a rotina de estudos e de lazer de vocês?
Vamos para a faculdade de segunda a sexta-feira. Aos finais de semana estudamos na parte da manhã, já à tarde e à noite, o Gabriel, que tem uma banda chamada Seu Doutor, toca em shows na cidade e também na região. Nosso lazer acaba sendo os shows, além da academia que fazemos diariamente depois da faculdade. É uma forma de nos divertirmos [risos]. E uma vez por ano a gente se programa para espairecer mesmo a mente, sair da rotina e fazemos alguma viagem para um lugar que queremos conhecer. Neste ano nós fomos para o sul da Bahia, no ano passado, Alagoas e Pernambuco, e no anterior para o Rio de Janeiro.
Já decidiram qual especialidade atuarão? Por quê?
Embora o Gabriel goste de urologia e eu de cirurgia plástica, ainda não decidimos a especialidade em si que queremos fazer. O que temos certeza é que nosso foco depois de terminar a faculdade é passar em residência em cirurgia geral, porque todas as vezes que visitamos o hospital, participamos de cirurgias, gostamos da rotina de entrar na sala cirúrgica, operar o paciente, poder ter esse contato maior, direto da Medicina, em salvar vidas. Não que não gostemos da clínica médica, mas pelo fato de estar ali mesmo, dentro da sala cirúrgica!
Vocês têm preocupação com a inserção no mercado? Quais os planos têm em mente?
Não temos essa preocupação. Temos em mente nos formar, ir fazendo plantões até passarmos na residência, ir estudando, aperfeiçoando a cirurgia geral e depois, como eu disse, fazermos outra especialização, no caso, ele em urologia e eu em cirurgia plástica. Vemos que o mercado é amplo, algumas áreas mais que outras, mas, de modo geral, o campo da Medicina está muito bom. O negócio é colocar a mão na massa, fazer contatos e buscar áreas legais para trabalhar.
Médicos são como anjos que salvam vidas. O que significa ser um bom médico para vocês?
Um bom médico é aquele que olha o paciente como um todo, que dá atenção àquela pessoa que está ali precisando dele. Não pensar apenas na patologia que ele relata, mas aprofundar mais seu histórico, sua saúde mental, que é muito importante. Ou seja, investigar a fundo, ser humilde, humano, pegar na mão do paciente e olhá-lo como alguém que tem sentimentos e não apenas um profissional.
DICA DE SÉRIE
“GREY'S ANATOMY”
Divulgação
Primeiro episódio: 27 de março de 2005
Número de temporadas: 15
Tema musical: Cosy in the Rocket
Emissoras originais: American Broadcasting Company, ABC News
Sinopse: Um grupo de jovens médicos, dentre eles Meredith (Ellen Pompeo), e suas carreiras como residentes, lidam com problemas de vida e de morte. Juntos, aprendem a superar problemas, dentro e fora do hospital. Grey's Anatomy, série que está em sua 15ª temporada, já se estabeleceu como uma das maiores séries americanas dos últimos anos. Com um elenco que se renova a cada ano, enquanto alguns veteranos se despedem de tempos em tempos e novos rostos se juntam à equipe médica. A série prende o telespectador pelas lutas diárias profissionais e pessoais dos médicos e residentes do Grey Sloan Memorial Hospital, anteriormente conhecido como Seattle Grace Hospital. Fortes emoções e histórias envolventes de médicos e pacientes são garantia para quem acompanha esta série (sinopse:minhaserie.com.br).
DICA DE LIVRO
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“SOB PRESSÃO” - A ROTINA DE GUERRA DE UM MÉDICO BRASILEIRO
Autor: Marcio Maranhão
Editora: Globo Livros
Sinopse: “Sob pressão” é um livro arrebatador. Traz a história real de um jovem médico que não quer desistir de lutar. O relato de quem está na frente de batalha, em plantões sucessivos, sem descanso, sem segurança e salário digno ― atendendo em hospitais arruinados, vivendo o drama das emergências do nosso país. A rotina de guerra que enfrentou ao longo de mais de 10 anos, como milhares de médicos brasileiros, faz de "Sob pressão" um depoimento perturbador. Neste livro, o cirurgião revê sua formação profissional, a fase inicial dos plantões, o caso de amor com a medicina ainda aflorado e o vício na adrenalina do combate, quando operou em CTIs despreparados e até em enfermarias e corredores, desafiando a precariedade das emergências ― procurando salvar pessoas e a si mesmo.
AGENDA
SEXTA-FEIRA
Música ao vivo
Atração: Banda Seu Doutor
Local: Roots Tabacaria Premium
Endereço: Rua Expedicionário Brasileiro, 172, centro, Rancharia
Informações: 99774-9729 / 99722-3706
Horário: 22h30
Couvert: homem R$ 15; mulher R$ 10