REPÚBLICA OU APENAS TIME DE FUTEBOL?

Charanga Domingueira

COLUNA - Charanga Domingueira

Data 22/11/2017
Horário 11:50

Na semana passada o calendário marcou a data da proclamação da República no Brasil. Feriado nacional. O 15 de novembro é nome de praças, de ruas e das versões que surgem nos primeiros anos escolares e de muitas inverdades que só poucos historiadores conhecem. Aconteceu há 128 anos e até hoje não produziu os efeitos esperados. República vem do latim, de “rés pública”, ou seja, coisa pública, ou em forma ainda mais popular, tudo deve pertencer ao povo do país que a adota. Positivo? Sim, a república é algo positivo, já que sua tendência seria acabar com o absolutismo do regime monárquico e do poder concentrado na figura de um rei, de um príncipe, ou mesmo de um ditador e ainda, fazer girar os nomes dos maiorais. Infelizmente, uma das palavras que mais ouvimos de nossos governantes é que agiram de modo republicano. Mentira! A constituição brasileira está baseada num principio que é a cláusula pétrea de todo o poder republicano: “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Falácia, mentira! No Brasil manda quem pode e obedece quem tem juízo, diz o dito popular. A República já começou errada. Primeiro, porque quem é considerado o seu criador, Deodoro da Fonseca, não era um republicano e sim um monarquista que devia favores ao imperador Dom Pedro 2º, a quem admirava. Deodoro não só era contra a república, como amigo do Imperador, e não tinha nenhum pendor para governar. Proclamou a República sem saber o que estava fazendo. Sua pretensão era derrubar o primeiro ministro, Ouro Preto. Assumiu o governo e logo o entregou ao seu vice, Floriano Peixoto, que era um militar vingativo e com tendências ditatoriais. Entre uns e outros chegamos à Getúlio Vargas, que instaurou uma ditadura de longa duração. Depois a militar de 1964 que, aqui para nós, foi mais republicana que o governo atual. Por esse caminho já deixamos o que de bom teria o fato e da coisa pública o povo está distante. Na Republica, o governo não tem que ser dono do país. Não deve ser dono da Petrobrás e de aeroportos, e tudo o mais. Deve sim, administrar, cuidar da segurança, da educação e da saúde da população. O mais deve ser “rés pública” e tudo funciona melhor na mão de gente capacitada. Estamos sendo governados pessimamente por políticos profissionais que se aferram aos seus cargos e se locupletam da coisa pública construindo o seu vergonhoso patrimonialismo. Como bem mostrou o julgamento do mensalão e espero que mostre ao final o da Lava Jato, estão roubando às toneladas. Então fiquemos assim: 15 de novembro é nome de time de futebol no Brasil. Quase todos tão ruins como nossos últimos governos. Ah, antes que me esqueça: sou republicano como Benjamin Constant a sonhou. E democrata. Só que de verdade.

 

COMUNICADO

Publicamos a coluna de Flávio Araújo nesta quarta-feira em correção à circulada erroneamente no domingo, com um texto de autoria do escritor Lázaro Piunti, intitulada “Corinthians: A guerrilha deu certo!”.

Publicidade

Veja também