Rei dos Reis

O Espadachim, um cronista-evangelista 2019 d.C. (o assombroso ano de 2020 ainda não terminou)

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 10/04/2020
Horário 05:03

Com a Semana Santa, acho bom falar do homem que passou por aqui há mais de 2 mil anos anunciando a salvação espiritual. E dizem que a volta dele pode acontecer a qualquer momento, ainda mais agora em que as coisas estão mais para escorpião do que para bicho-da-seda.

Jesus Cristo continua sendo o homem mais popular do mundo, e não deve ter punido o John Lennon por ter falado aquela besteira de que os Beatles eram mais populares do que Ele.

E Maria, sua mãe, é a mulher mais famosa do mundo. E olhem que, para ganhar tanta popularidade, eles não tiveram televisão nem internet. Dizem que os livros do Evangelho foram escritos depois de 60 anos da morte de Jesus. Sabemos o que Jesus fez até os 12 anos e, depois, aos 32 anos. Por onde andou Jesus dos 12 aos 32 anos?

Já ouvi alguma coisa a respeito, inclusive que Ele, nesse período, teria viajado à Índia para estudar Budismo. Da Palestina à Índia não é tão longe assim, de modo que fica aberta a discussão. Também fica aberta a discussão sobre outro assunto polêmico e bota polêmico nisso: a virgindade de Maria. Fala-se que houve um erro de tradução.

Na tradução do Evangelho, ou de parte dele do hebraico para o grego, em vez da palavra mulher grafaram o termo virgem. Para Deus, nada é impossível e quem sou eu, um Baixíssimo, para duvidar da divindade do Altíssimo e da forma como Ele veio ao mundo.

O nome Jesus era comum na Palestina dominada por Roma. Era algo assim como Silva no Brasil, Smith nos EUA, Rodriguez no México e Cheng na China. Até Barrabás se chamava Jesus. Barrabás tornou-se guerrilheiro, quase se reuniu com Jesus e tentou expulsar os romanos na base da porrada.

Já Jesus, adepto da não-violência, pregava o amor universal entre as pessoas, coisa que Barrabás, os chefes religiosos e os colonizadores romanos não entenderam muito bem. Ou fingiram não entender.

Todo mundo sabe que Jesus era judeu. Por isso, não dá para entender o antissemitismo apregoado abertamente por pessoas que veem em Cristo o seu Salvador. Como odiar o judeu se o próprio filho de Deus era judeu?

Não foram os judeus os responsáveis pela morte de Jesus. Foram alguns sacerdotes judeus do conselho religioso conhecido como Sinédrio, com Caifás à frente. Assim como Herodes e Judas Iscariotes, Caifás era um canalha de grife, segundo dá a entender. O tal de Sinédrio era inimigo de Jesus, queria vê-lo pelas costas e, com a ajuda do dedo-duro Iscariotes, entregou Cristo aos soldados romanos numa delação premiada com 30 moedas.

A popularidade de Jesus, com os milagres, incomodava os sacerdotes que temiam o aumento da repressão de Roma por causa da pregação do Messias, que, claro, não incitava o povo a se revoltar. Na visão do Sinédrio, Jesus tornou-se incômodo, uma pedra no sapato, no caso, uma pedra nas sandálias dos sacerdotes e dos romanos.

A gota d'água, que resultou na prisão de Cristo, foi a ação de Jesus no templo, de onde Ele expulsou os comerciantes ou vendilhões.

O comércio no local era controlado por Caifás, segundo alguns estudiosos, e Jesus achava uma afronta fazer negócios no templo, um lugar sagrado. Em suma: Caifás achava que Jesus atrapalhava os negócios e decidiu se livrar do Messias.

Jesus era uma espécie de beduíno, um homem do deserto. Ele era alto, com cerca de 1,83 metro, e pesava em torno de 83 quilos. Jesus costumava jejuar, pois sabia que o jejum é uma terapia eficiente. Há, em Moscou, clínicas especializadas em jejum para curar doenças.

Jesus falou coisas importantes no Sermão da Montanha. O camarada Fidel Castro disse que assinaria embaixo, ou seja, endossaria o Sermão. Bem que o Sermão, como os Dez Mandamentos, poderia se tornar um código de ética, uma espécie de bula para orientar a humanidade, que caminharia melhor.

Dizem que Jesus e os apóstolos eram bem-humorados. Apesar disso, não se deve brincar com coisa séria. Quando estava no ar, o programa TV Pirata fez uma piadinha horrorosa envolvendo o Cristo. O comediante Luiz Fernando Guimarães detonou literalmente uma imagem de Jesus, que recebeu um tiro e se espatifou. E o humorista dizia: “Desculpe, não é nada pessoal''. Imaginem se fosse.

Ao contrário do chute que aquele “pastor” embusteiro deu na imagem de Nossa Senhora Aparecida, ninguém protestou contra o tiro.

Depois que prenderam Jesus, houve um jogo de empurra entre Pôncio Pilatos e os testas de ferro dos romanos, os já citados sacerdotes do Sinédrio. Pilatos, que se fosse nosso contemporâneo faria comercial de sabonete, simplesmente lavou as mãos.

Jesus apanhou muito na quinta-feira, quando foi barbaramente torturado. Ele foi açoitado por um chicote que tinha chumbo nas pontas, e o Santo Sudário confirma a tortura, segundo os estudiosos do assunto. A crucificação era a pena de morte que Roma aplicava na época contra seus inimigos.

Num único dia foram crucificadas mais de 5 mil pessoas. Alguns crucificados demoravam para morrer. Agonizavam na cruz entre 25 e 30 dias. A morte na cruz é por asfixia.

Por causa da tortura violenta sofrida na véspera, Jesus morreu no dia seguinte, sexta-feira. Ele foi crucificado numa cruz em forma de T. Ao contrário do que se diz, os soldados romanos pregaram os pregos nos pulsos. É que as mãos não suportam o peso do corpo, que acaba caindo.

Também na cruz abusaram de Jesus. O nariz e o queixo foram quebrados, e um espinho da coroa vazou o olho direito. Por aí dá para se ter uma ideia do sofrimento do Cristo, que, se quisesse, incineraria seus algozes, a julgar pelo que está escrito na Bíblia. Ele, no entanto, precisava demonstrar, presumo, que o espírito sobrevive e é imortal.

A ressurreição é a última grande utopia do ser humano, como dizia o saudoso psicanalista Hélio Pellegrino. Talvez seja o caso de acreditar na ressurreição ou na reencarnação, como prêmio, porque não está fácil viver neste insensato mundo.

Depois de mais de 2 mil anos, a figura de Jesus continua muito querida. Um boato não duraria tanto tempo, conforme disse Paulo Francis, referindo-se ao Rei dos Reis.

DROPS ESPECIAL DO TARSO DE CASTRO

Bola preta para Pôncio Pilatos que ficou se preocupando com problemas de higiene naquela hora de crise.

Publicidade

Veja também