No oeste paulista, o reflexo da crise econômica e do consequente desemprego é sentido pelo setor sucroalcooleiro há cerca de 6 ou 7 anos. De acordo com o Sindetanol (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Fabricação de Álcool, Etanol, Bioetanol e Biocombustível de Presidente Prudente e Região), neste período, o número de usinas na região caiu 50%. Conforme levantamento da entidade, 8 das 16 indústrias que operavam entre os 53 municípios que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado, fecharam as portas e deixaram inúmeros trabalhadores sem emprego.
O que gera uma preocupação e acaba se tornando um assunto delicado, conforme o presidente do Sindetanol, Milton Ribeiro Sobral. Para ele, isso demonstra que o setor em questão está frágil e os reflexos negativos que isso causa atingem diretamente trabalhadores e famílias que estão por trás deles. “É muito ruim, pois a gente vê um declínio muito grande na região e isso não anima, principalmente os investidores que, talvez, cogitam em acreditar no setor”, afirma.
Dentro do campo de atuação nas indústrias de açúcar e álcool, o assunto voltou à tona, após a última quarta-feira, quando o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) transformou a recuperação judicial da Usina Floralco, de Flórida Paulista - em trâmite desde 2010 -, em falência. Segundo a Justiça, depois dos anos de recuperação judicial, não houve cumprimento do que foi acordado. Com isso, foi determinada a suspensão de todas as ações judiciais contra a empresa. Além do mais, o Sindetanol explica que aproximadamente 250 ex-trabalhadores aguardam o pagamento de seus direitos.
O que gerou centenas de processos. À frente da “massa falida”, isto é, os empregados que ficaram na rua por conta do fechamento, Milton também frisa que, hoje, o sindicato representa as partes atingidas, em busca de conseguir a resolução do que foi pleiteado. Ademais, ele ressalta que o trabalho do sindicato é lutar e ajudar para que mais nenhuma usina encerre suas atividades.
À reportagem, o presidente do Sindetanol declara que das oito indústrias que ainda atuam pelo oeste paulista, apenas uma encontra-se em recuperação judicial. Porém, “ela tem cumprido o acordo contratual que foi feito e, felizmente, não corre o risco de falir”, comenta.
Histórico
Conforme noticiado neste diário, a crise no setor de açúcar e álcool é previsto e verificado desde 2014. Na época, a dificuldade resultou no fechamento de seis usinas, ao analisar também os anos antecessores. O valor do faturamento desde 2010, segundo informação da Udop (União dos Produtores de Bionergia) prestada na ocasião, caiu 50%. Na mesma data, a entidade expôs que nos “próximos dois a três anos”, os fechamentos poderiam ocorrer, o que tem se cumprido. Com a falência das seis usinas contabilizadas até 2014, pelo menos 6 mil funcionários perderam seus empregos.
“O trabalho do órgão é lutar e ajudar para que mais nenhuma usina encerre suas atividades”
Milton Ribeiro Sobral,
presidente do Sindetanol