Os 53 municípios da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, juntos, possuem 188 candidatos ao cargo de chefe do Executivo e, destes, 17 candidaturas são representadas por mulheres, o que significa 9,04% do total para as eleições majoritárias de 2020. O número de postulantes, portanto, foi igual ao das eleições passadas, em 2016, quando 17 mulheres registraram candidatura para o pleito. As informações são do DivulgaCandContas, desenvolvido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
De acordo como a mestra em sociologia, Olivia Alves de Almeida, o número de mulheres no pleito ainda é bem baixo e, se comparado às eleições municipais anteriores, não houve avanço. “O que se vê ainda é uma política marcada pela tradição patriarcal, em que interessa aos que estão no poder que se mantenha esse perfil, que pouco inclui mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+ [lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros ou transexuais, queers, intersexuais, assexuais e mais] ou qualquer tipo de diversidade que possa ameaçar a estrutura estabelecida”, explica.
Com relação à participação política das mulheres na corrida pelo Executivo, Olivia acredita que um dos principais fatores que refletem nesse pequeno número de candidatas ao cargo de prefeita, seja a estrutura patriarcal profundamente enraizada na sociedade ao longo da história, que determinou, por muito tempo, que o espaço público ligado ao poder pertencia apenas aos homens, enquanto às mulheres ficava atribuído o espaço privado da casa com afazeres domésticos e cuidados com os filhos. “Ainda que hoje tenhamos avançado nessas concepções, na prática, ainda não se vê mulheres amplamente ocupando cargos como o de prefeita”, reforça.
A participação da mulher na política carece de estímulos definitivamente, conforme a mestra. Para isso, é preciso investir numa educação emancipadora e crítica que faça a sociedade enxergar a importância da representatividade na política e, que, antes disso, desperte para repensar e desconstruir os papéis de gênero estabelecidos na sociedade, trazendo cada vez mais as mulheres para os espaços de poder ainda dominados por homens.
Segundo Olivia, a representatividade feminina é importante para a própria garantia de direitos das mulheres, já que hoje são homens que tomam decisões, muitas vezes, diretamente relacionadas com a vivência cotidiana das mulheres. “Também se faz relevante no contexto geral da igualdade de gênero na sociedade, para que seja visível a capacidade das mulheres de liderar, bem como de atuar em quaisquer áreas, inspirando as mais jovens e ajudando a construir uma sociedade mais justa”, reforça.
MULHERES QUE CONCORREM AO CARGO MAJORITÁRIO NA REGIÃO
Município |
Candidata ao Executivo |
Caiabu |
Suelen Nara Matos Mative (Republicanos) |
Caiuá |
Rute Almeida dos Santos Lima (PTB) |
Dracena |
Célia Regina Brandani (PT) |
Emilianópolis |
Ercia Marchi Golla (PV) |
Lucélia |
Tatiana Guilhermino Tazinazzio Coelho Costa (PV) |
Mariápolis |
Maria Aparecida Firmino (Republicanos) |
Martinópolis |
Fernanda Xavier Passos Crepaldi (DEM) |
Nantes |
Marcia Castilho Cabrera (DEM) |
Nova Guataporanga |
Lorraine Augusto (Republicanos) |
Osvaldo Cruz |
Vera Lucia Alves (PP) |
Pacaembu |
Luzia Jose dos Santos Vecchiatti (PSB) |
Piquerobi |
Adriana Crivelli Biffe (MDB) |
Presidente Epitácio |
Cássia Regina Zaffani Furlan (PSDB) |
Presidente Venceslau |
Bárbara Medeiros Vilches (PV) |
Presidente Venceslau |
Lucimara da Silva Dias (PSD) |
Ribeirão dos Índios |
Arlete Aparecida Zanfolin Cancian (PSB) |
Sandovalina |
Amanda Lima De Oliveira Fetter (PSB) |
Fonte: DivulgaCandContas - TSE