No Estado de São Paulo, a Região Administrativa de Presidente Prudente detém, junto à de São José do Rio Preto, a maior proporção de idosas, com 22% da população feminina com 60 anos ou mais, revela estudo divulgado neste mês pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Os dados também apontam que, segundo o índice de envelhecimento da população feminina projetada para 2023, há 137 mulheres com 60 anos ou mais por 100 crianças e jovens, colocando a região de Prudente atrás apenas da de São José do Rio Preto, que soma 143.
O sociólogo prudentino Marcos Lupércio Ramos atribui o maior número de mulheres idosas às políticas de atendimento à saúde. Segundo ele, historicamente, a população feminina sempre teve maior cuidado em relação à saúde quando comparada com a masculina. Tanto é que elas vivem, em média, sete anos a mais que os homens.
Marcos acrescenta a esse cenário o fato de Prudente e Rio Preto serem duas capitais regionais privilegiadas em termos de elementos vinculados à saúde. “São cidades que contam, por exemplo, com centros universitários que formam médicos e enfermeiros e com clínicas diversas que prestam, em parcerias com os poderes públicos municipal e estadual, inúmeros serviços na área da saúde preventiva e curativa”, analisa.
O profissional destaca que, além dessa estrutura, ambas possuem grandes complexos hospitalares estaduais e particulares, com atendimento a todas as complexidades da saúde. “Combinada essa rede ampla e diversificada com a tendência histórica da mulher buscar mecanismos preventivos à saúde e com o fator da diminuição da taxa de fertilidade, chega-se a esse maior quantitativo de mulheres acima dos 60 anos apresentado pela pesquisa”, argumenta.
A respeito da maior proporção de mulheres idosas em relação a crianças e jovens, o sociólogo esclarece que os índices de fertilidade das brasileiras estão abaixo do considerado para a manutenção do coeficiente populacional, ou seja, há menos de 2,2 filhos por mulher. “Paralelamente à diminuição da população, tem-se o maior envelhecimento dela. Isto é, a população adulta começa a galgar o degrau da chamada terceira idade. Isso vai de encontro à política pública brasileira de assistência à saúde básica desde o pré-natal até o envelhecimento”, enfatiza.
AMPLIAÇÃO DE ATENDIMENTOS
Questionado sobre as principais estratégias que devem ser estimuladas pelo poder público para atender a expressiva proporção de idosas, Marcos afirma que os mecanismos já existem, restando a necessidade de ampliação do atendimento, considerando que os idosos fazem parte da faixa da população que mais crescerá no Brasil. Por isso, defende maiores investimentos na formação de profissionais especializados no atendimento específico a pessoas idosas, como cuidadores, médicos geriatras e gerontólogos.
Entre os referidos mecanismos, o docente ressalta as políticas de caráter nacional, como as campanhas de vacinação, em especial a da vacina contra a gripe, que afeta, na maioria dos casos, as populações formadas por crianças e pessoas acima dos 60 anos.
Além disso, menciona o fato de Prudente e Rio Preto possuírem entidades de caráter não governamental que realizam ações de combate ao câncer, em especial o de mama e o do cólon do útero, que são os que mais acometem as mulheres adultas. “Há que se destacar que essas duas cidades possuem estruturas hospitalares voltadas especificamente para o diagnóstico e tratamento de câncer”, completa.
Marcos acentua ainda a convivência social. “Existem mecanismos para a socialização das pessoas acima dos 60 anos, como, por exemplo, as organizações da terceira idade, que promovem festas, encontros, viagens etc.”, pontua.
SAIBA MAIS
Quanto à participação das mulheres com 60 anos ou mais na população feminina total, as regiões administrativas de Prudente e Rio Preto, líderes no Estado, são seguidas pelas de Araçatuba, Marília e Barretos (21%). No outro extremo, aparece Itapeva, com 17%, sucedida por Registro, Sorocaba, Região Metropolitana de São Paulo, São José dos Campos e Ribeirão Preto (18%).