O medicamento Forxiga (dapagliflozina) é um inibidor potente e altamente seletivo responsável pela reabsorção da glicose renal. Sua principal indicação é para o diabetes mellitus tipo 2, mas sua relevância está no fato de apresentar, além do bom controle da glicemia, benefícios cardiovasculares, preservação da função renal e aumento da perda de gordura corporal. Sua administração oral uma vez ao dia faz com que seja mais aceito pelo paciente, além de apresentar baixo risco de hipoglicemia quando administrado em monoterapia (tratamento com um único remédio), destaca Wilmer Ramírez Carmona, doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências (PPGC) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA), da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Desde sua aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Forxiga é encontrado nas drogarias de todo o Brasil, mas com preços elevados (30 comprimidos podem ultrapassar o valor de R$ 150). Felizmente, a incorporação desse fármaco no SUS (Sistema Único de Saúde), na forma de copagamento, melhorou a aquisição do produto pelos usuários. Contudo, a disponibilidade do Forxiga pelo SUS ainda é restrita a pacientes diabéticos maiores de 65 anos com doença cardiovascular estabelecida, esclarece Beatriz Díaz Fabregat, doutoranda do PPGC da FOA-Unesp.
O medicamento deve ser mantido em temperatura ambiente e na embalagem original. Também deve-se ficar atento ao prazo de validade e manter o medicamento fora do alcance das crianças. O Forxiga pode ser usado a qualquer hora do dia, independentemente das refeições, sozinho ou em combinação com outros hipoglicemiantes (metformina ou insulina), seguindo as orientações médicas, aponta Beatriz Fabregat.
De acordo com Wilmer Carmona, o Forxiga também pode levar a algumas reações indesejáveis, descritas em menos de 5% dos usuários, tais como o aumento da frequência e quantidade de urina e infeções do aparelho urinário. A segurança e eficácia em pacientes pediátricos e adolescentes ainda não foram estabelecidas. Além disso, o medicamento não deve ser usado por gestantes sem orientação médica ou do cirurgião dentista, nem ser utilizado durante a amamentação, reforça o Prof. Juliano Pelim Pessan, da FOA-Unesp. Seu uso também não é recomendado em pacientes com diabetes mellitus tipo 1, nem para o tratamento de cetoacidose diabética.
Na literatura científica, um estudo comparando a eficácia de fármacos usados no tratamento da diabetes tipo 2 verificou que a dapagliflozina e a metformina tiveram efeitos favoráveis em pacientes com alto risco cardiovascular (idade avançada, hipertensão, infarto do miocárdio e dislipidemias). Um artigo da prestigiosa revista The Lancet Diabetes & Endocrinology reportou que a dapagliflozina reduz o risco de diálise, transplante e morte por doença renal em indivíduos com diabetes tipo 2.
Portanto, a incorporação do Forxiga ao SUS deve ser encarada como positiva, considerando os benefícios reportados e baixos efeitos adversos. Entretanto, seria desejável que essa incorporação também abrangesse outras faixas etárias, o que contribuiria na melhora da saúde geral da população de risco, diminuindo sequelas cardiovasculares e renais associadas ao diabetes.
(Matéria integrante de projeto de extensão universitária (PROEXT-REITORIA; 18854/2022), sob coordenação do Prof. Dr. Douglas Roberto Monteiro [Unoeste])