Nos últimos anos, temos enfrentado um grande desafio no combate à imprudência no trânsito, em especial quando o assunto é o consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir. Um dos aspectos mais polêmicos é a recusa ao teste do bafômetro, um direito previsto por lei, mas que muitas vezes se torna um indicativo claro da ingestão de álcool e, consequentemente, da falta de responsabilidade com a própria vida e a dos outros. A prática, no entanto, esconde um problema mais profundo: a falta de conscientização sobre os riscos dessa combinação perigosa.
Para se ter uma dimensão do problema, como noticiado por O Imparcial, em Presidente Prudente, a Operação ODSI (Direção Segura Integrada), realizada na última sexta-feira, registrou 38 recusas de motoristas ao teste do bafômetro. A fiscalização do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito), que tem o objetivo de reduzir e prevenir os sinistros causados pelo consumo de bebida alcoólica combinado com direção, abordou 1.119 veículos na Avenida 14 de Setembro. A iniciativa contou com o apoio de equipes das polícias Militar, Civil e Técnico-Científica.
A Lei Seca, implementada em 2008, trouxe avanços significativos no combate à condução sob o efeito de álcool. O motorista que se recusa a soprar o bafômetro já comete uma infração gravíssima, sujeita à multa pesada, perda de pontos na carteira, suspensão do direito de dirigir e até a apreensão do veículo. Mesmo assim, essa medida ainda não é suficiente para frear o comportamento irresponsável de alguns condutores.
Quando um motorista se recusa a fazer o teste, há um entendimento implícito de que ele tem algo a esconder, principalmente quando há evidências comportamentais de embriaguez. Entretanto, em vez de colaborar com as autoridades de trânsito, muitos preferem usar a recusa como uma espécie de “estratégia” para evitar provas diretas que os incriminem. Essa atitude não apenas coloca em risco a vida do condutor, mas também a de outros motoristas, passageiros e pedestres.
A recusa ao bafômetro se tornou um grave problema em meio a um cenário alarmante de acidentes de trânsito no Brasil. Dados mostram que o consumo de álcool está diretamente relacionado a um elevado número de colisões fatais. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), dirigir sob a influência de álcool aumenta exponencialmente as chances de acidentes, uma vez que o álcool compromete os reflexos, a percepção e a capacidade de tomar decisões rápidas.
O número de mortes no trânsito devido à combinação de álcool e direção ainda é alarmante. Muitas vidas são perdidas ou drasticamente alteradas por condutores que insistem em dirigir após consumir bebidas alcoólicas. O comportamento irresponsável desses motoristas não é apenas uma falha individual, mas também uma falha coletiva, refletindo a falta de uma cultura mais ampla de conscientização sobre os perigos dessa prática.
Para que possamos mudar essa realidade, é imprescindível que campanhas educativas continuem a ser realizadas, com ênfase em mostrar as trágicas consequências da embriaguez ao volante. A conscientização deve ir além das penalidades legais e focar na empatia: entender que as decisões de uma pessoa ao dirigir alcoolizada podem ceifar vidas, destruir famílias e arruinar o futuro de muitos.