RÚSSIA: UMA COPA DO MUNDO SEM SURPRESAS

Charanga Domingueira

COLUNA - Charanga Domingueira

Data 11/12/2017
Horário 10:23

Quando saiu o resultado da formação dos grupos para a Copa do Mundo de 1958, o país levou um susto. Ter que enfrentar Áustria, Inglaterra e União Soviética, era realmente uma tarefa das mais árduas. Vivíamos o período mais agudo que nossa seleção enfrentou e que produziu a frase de Nelson Rodrigues que todos repetiam, a tal versão de que nosso futebol não passava de um vira-lata no concerto geral. Amargávamos ainda o dissabor do Maracanazzo de 1950 e a vergonhosa derrota diante da Hungria em 1954, jogo que terminou em verdadeira batalha campal. Fui entrevistar o técnico Vicente Feola e ouvi do mesmo no seu tom amolentado que o país que quisesse ganhar uma Copa não podia temer qualquer tipo de adversário. Que nosso grupo era muito bom para provarmos o quanto o nosso futebol aprendera com as derrotas anteriores. Estou me recordando dessa passagem quando vejo toda a nossa imprensa esportiva batendo palmas para a chave moleza que caberá ao Brasil enfrentar a partir de 17 de junho do próximo ano quando duelarmos com a Suíça na nossa primeira partida no mundial da Rússia. Existem algumas verdades axiomáticas depois de 21 Copas no registro. Até hoje não houve nenhuma equipe surpresa que conseguisse ganhar uma Copa. A vitória foi sempre de um dos favoritos. E não existe também, como nunca existiu, um favorito antecipado com perfume de campeão se espalhando na véspera do torneio. O futebol hoje domina todo o planeta e embora todos os continentes sejam representados somente da Europa e da América do Sul saíram os campeões. Assim como não vejo essa facilidade nos nossos adversários também não encontro razões para que os cuidados não sejam os mesmos de sempre. Respeito a todos e certeza de que não há moleza à nossa espera. A Suíça empatou com o Brasil poderoso do mundial de 1950 na única partida realizada em São Paulo. A Costa Rica já nos deu muito trabalho e na Copa de 1990 nos descartamos dos mesmos num magérrimo 1 a 0. Finalmente a Iugoslávia, que é a mesma Sérvia que enfrentaremos no dia 27 de junho, já nos venceu uma vez, perdeu outra e dois empates se registraram em seus enfrentamentos. O Brasil deve estar imbuído da certeza de que tem uma das melhores seleções do planeta, que seu objetivo é a vitória final e que tem bala na agulha para tanto, mas que todos os adversários merecem a mesma dose de respeito. Os deslocamentos no território russo serão longos e cansativos. Como foram nos Estados Unidos em 1994. O Brasil está entre os favoritos e como dois e dois são quatro o campeão será um deles. É o ponto máximo onde posso chegar.

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