- Vamos passar ali rapidinho? Temos mais ou menos uma hora para buscar o Pedro na festa. A gente toma alguma coisa e come uma batata-frita.
- Boa, vamos sim.
Quarenta e cinco minutos depois, eu levanto e digo: “Olha, vou buscar o Pedro porque até chegar lá vai dar a hora e como a porção não chegou ainda, na volta a gente come”.
- Beleza, eu espero aqui.
- Chegamos! Ué, nada ainda?
- Não. Tem mais de uma hora já que pedimos.
- Mas gente, será que não anotaram?
Por coincidência, estava ao lado de onde é feita a comida no bar. Havia ali uma ou duas pessoas em uma espécie de “trailer”, sei lá, meio apavoradas e comecei a botar reparo na conversa entre eles e os garçons. Alguns chegavam e diziam: “Olha, esta porção não é da mesa 30. De onde é?” ou “mandaram devolver. Não é de lá”.
Confusão mesmo e percebi que se quisesse comer alguma coisa antes de ir embora, teria que chamar alguém porque a minha porção, com certeza, foi para o saco da desorganização do lugar. Chamei a gerente. E lá vem ela.
- Nós pedimos uma porção simples de peixe e batata tem mais de uma hora. Será que não houve uma confusão ali na cozinha e não anotaram?
- Não é isso não. Quem anotou seu pedido?
Bem, nessa hora percebi que a conversa ia para outros caminhos.
- Moça, não sei dizer. São tantos garçons. Mas dá para conferir ali na cozinha.
E ela foi. E voltou.
- Senhor, a questão é que a casa está cheia e a cozinha é pequena. Vai demorar mesmo.
- Mas, mais de uma hora? Então não pegassem mais pedidos. E outra, passar um atestado de incompetência como fosse algo normal, não dá para engolir, né?
- Vou te dar uma saideira pelo incômodo.
- Não quero nada de graça. Obrigado. Não quero. Só quero a porção. Pode ser?
- O senhor está me constrangendo na frente das outras pessoas.
- Eu? Como assim? Só te perguntei algo simples, estou sentado e nem levantei a voz.
E quando ela se preparava para virar vítima, chega um rapaz e para bem ao nosso lado e diz:
- Moça, já faz mais de uma hora que pedimos a nossa porção de pastel. É demorado assim? A gente vai acabar indo embora sem comer...
Pensei comigo: “Constrangedor é um empresário gastar muito com toda uma estrutura, contratar pessoal, pagar impostos, banda ao vivo, fazer um marketing que até funciona e simplesmente não entender de pessoas, ou pelo menos de clientes. Constrangedor é a gente achar que isso é normal na cidade e não se importar em perder a paz”. Socorro!