O diabetes mellitus é um problema de saúde pública epidêmico mundial caracterizado pelos níveis elevados de açúcar no sangue. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 8% da população brasileira apresenta essa patologia, colocando o Brasil na quarta posição entre os países com o maior número de pessoas com diabetes. Outro fato preocupante é que a projeção de incidência de casos no mundo chegue a 300 milhões para o ano de 2030.
De acordo com a literatura médica, o diabetes mellitus é uma doença silenciosa, sendo diagnosticada apenas após o paciente apresentar os sintomas característicos, como sede excessiva, frequência de urinar aumentada, perda de peso mesmo com grande apetite e fadiga. Outras complicações podem ocorrer, especialmente relacionadas com as funções renais, oculares, cardiovasculares e neurológicas.
Problemas bucais também são afetados pelos altos níveis de açúcar no sangue. A principal complicação encontrada em pacientes diabéticos é a doença periodontal, a qual causa inflamação da gengiva e perda do osso que sustenta os dentes. Em casos mais avançados, a doença periodontal pode gerar mobilidades e perdas de vários dentes, enfatiza a professora Carolina dos Santos Santinoni, do curso de Odontologia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).
Além disso, quando o paciente apresenta diabetes e tem problemas de inflamação ou infecção no canal do dente, em decorrência de cáries ou traumatismos dentários, o tratamento endodôntico (tratamento de canal) é extremamente necessário e pode ser alterado de acordo com o estágio do diabetes, acrescenta a professora Christine Men Martins Batista, do curso de Odontologia da Unoeste. Algumas pesquisas científicas apontam que a relação entre o diabetes e as doenças nos canais dos dentes ocorre de forma bidirecional. Nesse sentido, o diabetes não controlado pode aumentar a severidade dos problemas endodônticos, e estes, quando não tratados, podem aumentar a resistência à insulina, dificultando o tratamento do diabetes mellitus e sendo um fator de risco para as demais complicações diabéticas, ressalta a professora Christine.
Para o tratamento de canal, é recomendado que o cirurgião-dentista solicite alguns exames laboratoriais como glicemia, hemograma e/ou hemoglobina, a fim de detectar se o diabético apresenta alguma descompensação para determinar a necessidade de tratamento imediato – como são os casos de urgências endodônticas – e o ambiente mais adequado para a realização do tratamento – se no próprio consultório ou no hospital. Segundo o professor Victor Eduardo de Souza Batista, do curso de Odontologia da Unoeste, o tratamento endodôntico consiste na limpeza e desinfecção dos canais radiculares que se apresentam doentes, com o principal intuito de remover focos de infecção e inflamação, promovendo a saúde do(s) dente(s) em questão e corroborando para a melhora no quadro do diabetes.
Portanto, o tratamento do paciente diabético deve ser interdisciplinar, envolvendo diferentes profissionais da área da saúde, como médicos e cirurgiões-dentistas. Um atendimento odontológico de qualidade para diagnosticar e tratar de forma adequada problemas de canal permitirá uma melhora na qualidade de vida do paciente diabético.
(Matéria integrante de projeto de extensão universitária (PROEXT-REITORIA; 18854/2022), sob coordenação do Prof. Dr. Douglas Roberto Monteiro [Unoeste])
