As queimadas não prejudicam somente a saúde humana, mas a vida da fauna e da flora. O desequilíbrio e os danos causados ao meio ambiente provocados pelas ações do próprio homem, preocupa especialistas da área, que alertam quanto à necessidade de desenvolvimento de trabalho e políticas públicas para que futuramente a situação não se agrave ainda mais.
“Os incêndios causam diversos danos não só à biodiversidade, como também afetam o clima, umidade e qualidade do ar”, afirma o biólogo Pablo Edine Damião. De acordo com ele, a região do Oeste Paulista possui dois biomas que sofrem com os impactos: a Mata Atlântica e Cerrado. “São riquíssimos e garantem não só a sobrevivência das espécies que vivem nas áreas naturais, mas, a vida como um todo, pois preservam a disponibilidade de água, qualidade do ar e regulação da temperatura sem que existam oscilações grandes como vivenciamos nos últimos meses com frio e calor intensos”, explica.
Ainda conforme o biólogo, tais questões são afetadas pelos incêndios, o que gera desequilíbrio e dificuldade para a vida prosseguir sem os recursos necessários. “Quando uma área é afetada por fogo, na maioria dos casos há uma diminuição extrema da biodiversidade que demora a retornar em plenitude, podendo causar até mesmo extinções de algumas espécies em fragmentos florestais afetados. As áreas verdes que antes promoviam absorção de CO² auxiliando na purificação do ar poluído, não conseguem mais filtrar o ar e os gases emitidos pelos nossos veículos e pela própria fumaça, que promovem uma intensificação para o efeito estufa”, afirma.
O biólogo acredita que, para evitar colapsos e mais dificuldades, é necessário preservar o que se ainda tem na região, evitar e conter os incêndios, e ainda trabalhar em reflorestamento, compensando as áreas desmatadas para a produção.
PREOCUPAÇÃO
DA APOENA
Djalma Weffort, presidente da Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar), lamenta o cenário de queimadas. “O fogo significa morte para a vegetação e a fauna. É uma destruição anônima porque você não vê a quantidade de animais que são mortos ou feridos, que saem queimados. Isso significa que esses incêndios causam danos irreversíveis, tanto para a floresta, quanto para a vida silvestre, reduzindo a diversidade biológica dessas áreas”, explica.
Conforme o ambientalista, a situação se agrava quando ocorre em APPs (áreas de preservação permanente) e unidades de conservação, como em parques e áreas protegidas. “Estamos vivendo momentos de queimadas e incêndios com recordes cada vez mais constantes, e isso se deve ao comportamento do homem, porque esses incêndios não são espontâneos. E isso é agravado pela alteração climática, aquecimento global, porque influencia o planeta como um todo. A gente pensa que não, mas o desmatamento na Amazônia também reflete em danos na região, que é a falta de precipitações de chuvas, que chegam por meio do que chamamos de ‘rios voadores’”.
Para Weffort, a previsão é de que se não forem tomadas as medidas de contenção do aquecimento global, isso vai se agravar ano a ano e vai ser prejudicial. “É uma situação complexa que exige uma resposta do governo para fazer a prevenção dos incêndios, e não repetir no próximo ano que a gente está vendo hoje que é sair correndo atrás do prejuízo”, considera.