Quebrando silêncio: infância ameaçada

Todo dia 27 de agosto comemoramos o Dia do Psicólogo. Parabéns aos colegas de profissão que exercem de forma nobre, esse ofício. Psicologia, psicoterapia e psicanálise são caminhos e percursos longos e envolvem uma formação séria, duradoura, comprometida e de muito respeito e ética. Abrimos nossas portas todos os dias para acolher a dor alheia. 
Uma análise bem-sucedida pode diminuir o sofrimento... Mas o intuito da análise é aumentar (instrumentalizar) a capacidade do paciente para sofrer (Wilfred Bion). Hamlet nos ensina que: A mente se enobrece quando aprende a sofrer. Nosso trabalho consiste em dar continência e acolhimento. No encontro com o outro ou em parceria, reflexões surgirão, ressignificando e simbolizando conflitos, traumas, inibições, enfim, passamos a nomear o desconhecido, dúvidas e incertezas que nos habitam. Na realidade, a saúde mental do indivíduo é o nosso foco. Um dos assuntos muito importante que nós, profissionais da área da psicologia ocupamos, é sobre o abuso sexual na infância, ou seja, é um trabalho incansável rumo à integração mental. Esse é o tema que abordarei nesse texto. 
Muitos adultos chegam diagnosticados com transtornos mentais, mantendo tudo velado ou em silêncio, uma vida “cinza” e desvitalizada, atormentados por um inconsciente ruidoso. Esse silêncio assombra de diferentes formas e são fantasmas que diariamente aprisionam o ser em seus sintomas. Para esquecer os traumas é preciso lembrar deles (Freud). A cura pela fala. A maioria dos casos de abuso sexual infantil ocorre no núcleo familiar. Prevenir essa realidade está em nossas mãos. Todos nós somos responsáveis. É preciso ouvir nossas crianças, nem sempre o que elas falam são fantasias da cabeça delas. 
Esses dias tive acesso ao Instagram e observei um projeto que a rede Adventista desenvolve em seus colégios, especificamente, o de Presidente Prudente, sobre o Dia Nacional de Combate ao abuso Sexual e a Exploração de Crianças e Adolescentes, achei muito oportuno e de extrema importância. A escola, sem dúvida, também é uma via para abordar esse assunto. Eu gostei muito de uma música que usaram, para dialogar com as crianças sobre a complexidade que envolve esse tema. Diz assim: “Toda criança tem que aprender que o seu corpinho é muito precioso, mas, com algumas partes a gente tem que ser ainda mais atento e mais cuidadoso. Carinho não pode ser segredo, carinho não pode te dar medo. Seu corpo tem que ser respeitado. E se alguém te tocar, sem você deixar, isso está errado” (idealização e composição de Elisa Gatti, a mãe Musical). 
É possível superar as marcas deixadas pelo abuso sexual infantil. Quebre o silêncio. Busque ajuda mesmo sendo ameaçado (a), fale com os pais, professores, Professores esgotem esse assunto em sua sala de aula. Busque ajuda de profissionais especializados, não escolha o isolamento, tampouco o silêncio.
 

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