Que menino maluquinho! 

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 20/04/2025
Horário 05:00

Vou me encontrar com o Rafael, meu neto colecionador de cristais. Ele olha detidamente cada uma daquelas pedrinhas e organiza incansavelmente a sua coleção na estante de livros. Talvez lhe chame a atenção as diferentes cores, as formas angulares ou a luz que atravessa a superfície. 
Não sei por que eu acho o Rafael engraçado. Demorei para compreender esse interesse tão específico até me dar conta que o Rafael guarda algumas semelhanças com  as  minhas esquisitices de quando ainda era menino. Eu também levava a sério muitas coleções: selos, moedas antigas, tampinhas de refrigerante, gravetos. E também tinha uma coleção de pedrinhas! Assim como o Rafael, tudo indicava que eu teria vocação para as ciências. Que saudades dos meus professores de biologia... O professor Carlos tornava aquelas descrições de fisiologia vegetal desafiadoras. Quais são os principais locais por onde a transpiração ocorre nas plantas? Como as plantas crescem, desenvolvem-se, reproduzem-se, e respondem a estímulos ambientais? E o professor Maurício, então? Fazia a turma se sentir um bando de cientistas mirins, testando hipóteses, raciocinando sobre as relações ecológicas. Como a energia luminosa é transformada em energia química?
Das aulas de biologia cheguei logo na química. Foi culpa do professor Maurício. Diria ele: “a interação entre o patrimônio genético da planta e o meio ambiente regula essas atividades. E daí foi um passo para o meu interesse por geologia, ciclo das rochas, processos de formação dos cristais de rocha e dos minerais! 
Fico olhando para o Rafael e imaginando quais serão os seus caminhos, as suas escolhas. Eu acabei escolhendo a geografia por acreditar que ela seria uma espécie de ciência de síntese (rsss). De fato, a carreira profissional não é um percurso tão simples assim. Nossas escolhas ocorrem dia após dia. Mas a IA (Inteligência Artificial) está por aí, impactando o mercado de trabalho, não é mesmo? Criando novas oportunidades e exigindo novas competências. A turminha do Rafael terá como opção muitas novas carreiras ligadas à inovação, sustentabilidade, saúde, meio ambiente. Não será apenas na robótica, não. Ou cientista de dados e analista de big datas.
Quero ver até quando o Rafael vai guardar com cuidado as suas pedrinhas. Assim ele esquece essas ideias malucas como de adotar uma cobra cascavel como animal de estimação, guardar aranhas em potes de vidro ou pescar girinos no laguinho do parque. Decididamente, o Rafael é o meu menino maluquinho!

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