A criança é livre para sonhar. Ela associa livremente seus pensamentos e as transformam em palavras quando possível. As ações seguem, quase sempre, num ritmo e sintonia com a palavra.
Dia desses, conversando com uma criança, observei seu grande entusiasmo e indaguei o motivo. Como estamos finalizando o ano letivo escolar, ela disse: “Estou tão feliz, no ano que vem iniciarei o uso de canetas, não escreverei mais com o lápis”. Eu fiquei emocionada junto com ela. E seguimos nossa conversa. E eu coloquei-me a pensar e sonhar, sobre a complexidade dessa narrativa. Estamos narrando sobre a transitoriedade, passagens e mudanças. O lápis faz par com a borracha. Enquanto somos crianças, podemos apagar então os nossos erros na linha do caderno. E tudo fica bem, como antes. A criança não borra escrevendo com lápis. Já com a caneta... Ah! Mas existem o errorex, corretivo ou a fita. Sim, para tudo há um jeito de reparar nossos erros, quando criança.
Quando muito preocupada, rígida, senso crítico exacerbado sofre muito com seus erros e submetida às mudanças, desorganiza-se. Nem falarei da régua, aqui. Os bebês transformam-se em crianças, adolescentes, adultos e em anciões. Desde a concepção seguimos nos transformando constantemente. E o tempo não para. Como é bom, quando a felicidade é a troca do lápis pela caneta esferográfica. Essa criança está implicitamente, anunciando a sua transformação. Terá de pensar melhor sobre: atenção, concentração, percepção, raciocínio, enfim, capacidade cognitiva.
As cobranças e demandas, assim como as mudanças, são constantes. E vamos nos preparando gradativamente em direção às conquistas. Os desafios são nossas sombras, quanto mais avanço mais demandas. Em meio às realizações de demandas, mais desejos. O autoconhecimento aqui é vital. Viver consiste em seguir em frente, respeitando nossas limitações. Afinal, quem sou eu? A felicidade sempre esteve presente no botão da rosa que exala o seu perfume, aprecie o seu segundo de eternidade.