Experiências coletivas. Isso é o que define uma geração, de acordo com o sociólogo Karl Mannheim (1893-1947). Num mundo em que as experiências coletivas estão tão diferentes e mudando constantemente de forma abrupta, não é de se estranhar que estamos convivendo com várias gerações simultaneamente. Mais precisamente, são 5 gerações, se considerarmos um período de 80 anos. Assim, temos os Baby Boomers, nascidos entre 1940 e 1960; a Geração X, nascida entre 1960 e 1980; Geração Y (Millenials), de 1980 aos anos 2000; Geração Z (Centennials), entre 2000 e 2010; e a geração Alpha, nascidos após 2010, com uma inteligência capaz de configurar aparelhos digitais antes de se alfabetizar.
Esses anos são aproximados, pois há controvérsias sobre quando uma geração começa e outra termina, justamente por também partilharem das mesmas experiências coletivas. A maior parte dos jovens, entre 15 e 30 anos de idade, está distribuída nas Gerações Y e Z, que compartilham características diferentes e outras semelhantes. Uma das diferenças é quanto ao uso da internet, onde a Geração Y precisou aprender a usá-la e a Geração Z já nasceu digital.
Nas semelhanças, tanto a Y quanto a Z demonstram aumento do individualismo, menor tolerância às frustrações, certa imaturidade emocional, superficialidade nas relações interpessoais e busca de prazer na vida pessoal e profissional. Essas características não são necessariamente negativas, pois se para a Geração X a superficialidade era um sinal de adoecimento, para as Gerações Y e Z é uma necessidade de adaptação.
Como hoje a enxurrada de informações é alta e muda rapidamente, as Gerações Y e Z precisam selecioná-las, sem tempo para mergulhar em reflexões profundas sobre cada fato lido ou vivenciado. Assim, eles preferem se relacionar com as pessoas de igual para igual, não entendem a hierarquia vertical, moldada por cargos, chefias, obediência a regras rígidas e engessadas. Por isso, não gostam de se fixar no trabalho, nem em moradias, ou relacionamentos, mas gostam muito de compartilhar, palavra-chave do momento.
Vemos esse compartilhamento no transporte, com serviços de carona, na moradia, com casas de 14 m² com a “a parte social” compartilhada, no turismo, com serviços de casas compartilhadas, no trabalho com o coworking, algo nunca existente em outra época. Disso tudo surge uma reflexão: se tudo está caminhando para o compartilhamento e mobilidade, como fica a educação formal?
As escolas ainda apresentam seus currículos engessados, com carteiras enfileiradas, onde um professor, na sua hierarquia vertical ainda acha que detém o conhecimento além daquele que estuda. A escola precisará flexibilizar seus processos, pois não funciona a mistura dessas gerações com uma escola cujo modelo é de 200 anos atrás. A questão não é mais como fazer um aluno se comprometer, mas sim como fazer um aluno se interessar, uma vez que um mundo de possibilidades está disponível em suas mãos todos os dias.