Prudentino pincela ideias em retratos do cotidiano

Relação de Stéfano Pinheiro com o desenho começou ainda criança; camisetas, almofadas e paredes evidenciam seu talento

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 26/02/2015
Horário 09:00
 

Toda criança que tem em mãos um lápis preto ou colorido, giz de cera, canetinha, entre outros objetos do gênero, se não tiver papel à frente, quase sempre a parede mais próxima dela se transforma na tela perfeita. E algumas dessas acabam pegando tanto "gosto pela coisa", que pode se tornar, além de diversão e hobby, uma profissão. Exatamente o que ocorreu com o prudentino Stéfano Pinheiro, conhecido como SP. Ele ressalta que sua relação com o desenho começou quando ainda era bem pequeno. Seu último trabalho foi a pintura do rosto da atriz de teatro, Luana Barbosa, conhecida como Lua, que no dia 27 de junho do ano passado, perdeu a vida de forma trágica, após ser atingida por um disparo de arma de fogo.

Jornal O Imparcial Almofada decorativa com imagem da banda inglesa The Beatles

O desenho na parede do Galpão da Lua é uma homenagem do profissional e da FPTAI (Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas). "Eu nunca conversei pessoalmente com ela, mas certa vez, assisti a uma apresentação sua. E como sei a representatividade dela para a federação e seus integrantes, disse a Camila Peral, uma de suas amigas, que queria desenhá-la. Pedi uma foto e ela me enviou a que está projetada agora no galpão", salienta.

Pinheiro conta que ficou sabendo que no dia 13 deste mês, a federação montou o bloquinho de carnaval Eta Nóis, e recebeu um grande número de participantes. No local, as pessoas prestigiaram o trabalho concluído há cerca de um mês, elogiaram e o registraram em várias fotos.

"Me senti lisonjeado ao receber um e-mail dos pais dela me agradecendo pela homenagem. Esse trabalho tem um sentido especial, pois além de ser o primeiro desenho de rosto que faço em parede, tem todo um contexto, parte da história dela. Diferente do que faço, que é comercial, contratos", salienta. Stéfano Pinheiro projeta a imagem na parede e a desenha. Nesta, ele trabalhou por três dias, três horas cada.

 

Abrindo portas


O profissional, pra lá de criativo, diz que na ordem, começou seus trabalhos estampando camisetas básicas, almofadas para ele mesmo, onde utilizava tinta de tecido e pincel. Hoje ele usa uma caneta especial para tecidos. "O pessoal começou a ver as minhas camisetas e a pedir. Assim foram surgindo as encomendas", lembra.

Dentre os vários artistas brasileiros, estão Ellis Regina, Martinália, Raul Seixas, Adoniran Barbosa, Luiz Gonzaga, o tenista espanhol Rafael Nadal, o personagem Jack Sparrow (Johnny Depp), em "Piratas no Caribe", e outros muitos. Além de motivos, como acordeon, baleia, relógio, etc.

Na sequência deste projeto, vieram pedidos de cartazes que passaram a ser emoldurados, virando quadros expostos nos mais distintos ambientes. "Aqui em Prudente, um dos meus clientes, Trip Bar, tem como parte da decoração, quadros da Janes Joplin, Chorão, Mano Brow, e um shape", coloca.

 

Pintando paredes


Uma árvore, um poste, passarinhos num fio, uma bicicleta, uma vitrola e uma personagem de história em quadrinhos foram os primeiros motivos pintados numa parede por Stéfano Pinheiro, em dois apartamentos em São Paulo. "Foi o que me projetou para outros trabalhos grandes. Chegando em Prudente, fiz outro interessante na Agência de Publicidade Luz Própria, que viu e pediu o mesmo poste, a bike, um balão e um banco de madeira", destaca.

 

Oportunidades


Quem conhece o trabalho de Pinheiro, às vezes não entende quando ele diz que não se considera um artista e não gosta de ser chamado como tal. Fisioterapeuta que começou a se envolver com a arte por hobby ele diz: "Eu acho pretensão demais dizer que o que faço é arte. Porque o que é arte pra um pode não ser para o outro. Eu prefiro, e me vejo como um profissional criativo, um designer de ambientes. E adoro o que faço. Paralela à minha profissão como fisioterapeuta acresci a pintura", acentua.

Autodidata, ele comenta que a ideia da projeção surgiu após assistir "O Lixo Extraordinário", documentário de um artista plástico brasileiro Vick Muniz, que mora fora do país... "Ele pega material reciclável, contrata alguns catadores, os leva para um galpão, instala um projetor, tira fotos e projetadas no chão as pinta... Me encantei e agora com a caneta especial projeto em tudo o que posso", frisa.

O designer comemora por no ano passado ter sido convidado para ministrar uma oficina de desenho no Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Álvares Machado. "Foi muito legal passar para os assistidos do centro um pouco do que sei. E o bacana é que a ação teve um aspecto terapêutico, além de gerar renda. Tenho vontade de fazer trabalhos nas ruas, tem tantos muros que ficariam mais bonito, mas... Vale a pena pensarem nisso, incentivarem…", expõe.

 

Curiosidade


Uma coisa interessante é que Stéfano Pinheiro é daltônico. Consegue ver apenas as cores primárias (vermelho, amarelo e verde). "Geralmente nos materiais, vem a descrição do produto, entre elas o nome das cores, mas quando olho uma imagem que tem mais cores, peço a ajuda da família e amigos. E tudo sai perfeitamente", conclui.

 

serviço

INFORMAÇÕES


Aos interessados em conhecer o trabalho de Stéfano Pinheiro, o Galpão da Lua, na FPTAI (Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas), está localizado na Rua João Caseiro, 65, Vila Brasil, em Presidente Prudente. Demais projetos do profissional podem ser conferidos pelas páginas www.facebook.com/stefano.pinheiro; www.facebook.com/camisetandoideias; e no Instagran stefanopinheirodesenhos.
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