Prudentino mostra hoje nova obra sobre Graciliano Ramos

“Cangaços", organizado por Thiago Mio Salla, traz uma coletânea de textos do célebre escritor sobre o banditismo sertanejo

VARIEDADES - Mariane Gaspareto

Data 08/05/2014
Horário 09:15
 

O escritor prudentino Thiago Mio Salla, 34, lança nesta quinta-feira, mais uma obra sobre Graciliano Ramos, dessa vez em parceria com a pesquisadora Ieda Lebensztayn. Depois de "Garranchos" (2012), "Cangaços" é uma coletânea de textos do célebre escritor sobre o banditismo sertanejo, produzidos entre 1931 e 1941. O livro trata dos diferentes enfoques de Graciliano sobre esse fenômeno social, por meio de 14 artigos publicados na imprensa carioca e alagoana e dois capítulos de "Vidas Secas". O lançamento ocorre às 19h, na Livraria da Vila, em São Paulo, acompanhado de um bate-papo com Cassiano Ellek Machado, da "Folha de São Paulo".

Salla morou em Presidente Prudente até seus 18 anos, quando se mudou para São Paulo, onde concluiu duas graduações pela USP (Universidade de São Paulo): em Letras e em Jornalismo. É doutorando em Letras e doutor em Comunicação Social, pela mesma universidade, na qual defendeu a tese "O fio da navalha: Graciliano Ramos e a revista Cultura Política" (2010). Hoje, o autor de "Garranchos: textos inéditos de Graciliano Ramos", publicado pela editora Record, é professor do curso de Editoração da ECA-USP. Neste ano, ele trabalha em duas novas obras sobre o autor: "Falas" e "Cangaços", também pela Record.

Conforme Salla, a vontade de escrever sobre Graciliano Ramos surgiu de sua afinidade com a obra e a personalidade do autor, desde o ensino médio até o ensino superior, quando o interesse  se ampliou. "A decisão veio por serem textos de grande relevância cultural e não publicados em livro", afirma. Outro fator de motivação foi a existência do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) na USP, onde  a família de Graciliano depositou o acervo do escritor.

Ele conta que fez um "trabalho árduo de pesquisa" para compilar os artigos em "Cangaços", pois teve que viajar para Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, buscando textos do autor. "Foram sete anos respirando poeira, revirando acervos, bibliotecas e hemerotecas de todo o País". Ele recebia uma bolsa da universidade, mas conta que o valor não contemplava os custos das viagens e por isso usou recursos próprios.

 

Achados literários


Dois textos considerados "preciosidades" pelo autor estão em "Cangaços". O primeiro é uma entrevista ficcional com Lampião, contida na revista "Novidade". Ela foi o que aproximou Salla de Lebensztayn, visto que a pesquisadora tem um livro publicado sobre a revista ("Graciliano Ramos e a Novidade: o astrônomo do inferno e os meninos impossíveis").

Segundo o autor, a entrevista não era assinada e "foram anos de pesquisa e análise para comprovar que era dele". Salla também fala sobre outro texto importante no livro: "Dois irmãos", da "Revista Diretriz", de 1942. "Graciliano discute dois arquétipos do sertanejo: o que se recicla por meio da religião e o que parte para a luta diante das mazelas". Esses arquétipos são representados pelos personagens bíblicos Esaú, o lutador, e Jacó, o resignado. O livro tem 240 páginas e custa R$ 35.

 
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