Única filha mulher de três irmãos, a advogada Catarina Mariano Rosa, 27 anos, aprendeu ainda cedo a importância pela luta dos direitos humanos. Com exemplos de figuras maternas dentro de casa, ela relembra a história de sua avó, uma dona de casa cujo esposo nunca deixou que trabalhasse e sua mãe, que após divorciar-se, não se abalou e nem lastimou por ter que criar os filhos sozinha. “Elas sempre me estimularam a ser independente, minha mãe, mesmo ferida, nunca se diminuiu”.
Graduada em Direito pelo Centro Universitário Toledo Prudente, na turma de 2012, Catarina começou a atuar na área da família, onde com os cinco anos de exercício, percebeu a situação de desamparo das mulheres. Com uma cadeira ativa, participa do grupo de políticas públicas, chamado Rede Mulher que, baseada na Lei Maria da Penha, prevê que a mulher tenha atendimento para o bem-estar feminino.
Foto: José Reis, Catarina, do Grupo Rede Mulher
Ela lembra que durante os anos de trabalho, presenciou casos que a deixou mais forte como pessoa, como mães solteiras que trabalham muito e perdem seus filhos no mundo das drogas, maridos que causam pressão psicológica e mantém a esposa como refém financeira, caso de homens que ocultam todos os bens para não se divorciar. “Eu me tornei uma pessoa mais humana, mais crítica e atenta a essa fragilidade, e com muita vontade para lutar pelos direitos femininos”.
E relembra que quando começou a atuar na profissão e, ainda hoje, passa por situações de preconceito. Diariamente é confundida com estagiária ou secretária dos colegas de serviço. “Trabalhei em um escritório onde o cliente não quis que eu o acompanhasse na audiência, porque eu era jovem e loira, ele disse que eu não daria credibilidade para o caso dele”. Trabalhando com homens, ela disse que conquistou seu espaço, e ganhou o respeito de todos eles por sua capacidade. “Eu espero que o mundo um dia torne a mulher e o homem em situações de equidade”.
Sem nunca deixar-se abalar pelas dificuldades, Catarina ressalta que tanto na advocacia, como nas outras profissões, existe uma relação de pé atrás em relação às mulheres. “Podemos ver isso nas próprias instituições, onde raramente vemos figuras femininas na presidência”. Para ela, o próximo passo para o avanço da sociedade é entender que a mulher pode ser grande trabalhando em uma construtora ou cuidado dos filhos em casa.
Superação
Já Regina Telma Rodrigues Taiar Tacaci, viúva, 55 anos, é mãe de dois filhos Marcos e Marcelo e proprietária de uma lanchonete na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). Quem vê a comerciante rindo pelos corredores da faculdade, não imagina que em 15 de março de 2011, aos 48 anos, descobriu que estava com câncer de mama. O tratamento, entre as sessões de quimioterapia, radioterapia e cirurgia, teve a duração de dois anos, e hoje ela toma remédio para fazer manutenção e a doença não voltar. “Quando recebi a notícia, eu fiquei muito triste, parecia que a vida tinha acabado para mim. Eu não conhecia muito sobre o assunto, então o susto foi grande. Comecei a pensar em todas as coisas que ainda não tinha feito e ainda queria realizar e, principalmente, nos meus filhos”.
Foto: José Reis, Regina, dona de uma lanchonete
Segundo ela, a passagem pelo câncer trouxe mais calma para resolver as situações do dia a dia. “Eu penso mais, antes eu era muito imediatista, eu tinha medo do que podia acontecer no futuro. “Hoje o meu foco é no agora, somente isso importa”. Durante o período com a doença, ela relembra que o que mais marcou foi a solidariedade das pessoas com ela, e também com os outros pacientes do hospital, pois nunca tinha convivido de perto com a doença e com cidadãos que doam seu tempo ajudando o próximo.
Sobre seu lado empreendedor, a comerciante começou a trabalhar pela a necessidade de ajudar em casa, pois seu marido não conseguia suprir todas as despesas. O primeiro contato começou com a venda de produtos na sua própria residência, o que ocasionou a vontade de montar seu próprio negócio. “Minha vida nunca foi fácil, sempre busquei novas tentativas. Mudei muito de cidade, sempre pensando em um recomeço para poder ficar bem”.