Prudentina relata “espera difícil” pela passagem do Furacão Milton

Família não vai sair da casa, mas segue todas as orientações das autoridades; os pais dela, que são de Presidente Prudente, estão na cidade americana para visitar a filha, genro e netos 

PRUDENTE - ALINE MARTINS

Data 09/10/2024
Horário 13:19
Foto: Cedida
Marido e pai de Elaine seguem na organização e proteção da casa
Marido e pai de Elaine seguem na organização e proteção da casa

A jornalista prudentina Elaine Soares Bock, 35 anos, – que já trabalhou em O Imparcial – mora na área da Bahia de Tampa, uma cidade chamada Lutz, na Flórida, há 10 anos. Casada com Mike e mãe de três filhos – 5, 3 e 1 ano -, relata que a espera pela passagem do Furacão Milton é “difícil e agonizante”. Mas, que apesar da aflição, agradece pelo tempo que tem para se preparar e manter a família no local mais seguro possível. A família não vai sair da casa, mas segue todas as orientações das autoridades. Os pais dela, que são de Presidente Prudente, estão na cidade americana para visitar a filha e netos e não conseguiram voltar na data agendada, pois o aeroporto fechou. 


“Temos bastante tempo para se preparar, estocar comida, abastecer os carros, colocar madeira nas janelas. Enfim, dá um friozinho na barriga, principalmente quando a gente tem criança, sempre muito preocupados. Ainda mais que o último furacão foi muito perto de casa. Apesar de não ter vindo para cá, a gente conhece muita gente que perdeu tudo, que a casa ficou inundada, que precisou sair de casa com criança no meio da noite, sair boiando no colchão. Antes, a gente não ouvia de pessoas tão próximas. Foi bem difícil ver a destruição”, conta. 

Desta vez, conforme Elaine, a previsão é que o furacão vá direto para próximo de onde estão e os coloca em observação. “Não estamos em uma zona de evacuação, então não vamos sair de casa, pois não moramos tão próximo ao mar. Então, deixamos para que as pessoas que realmente precisam sair das suas casas, com perigo de inundação, para que elas utilizem a gasolina que já está ficando escassa. E, tem muito trânsito para sair da Flórida. Assim, preferimos ficar em casa e tomar todas as medidas que as autoridades orientaram. Vamos confiar em Deus que vai dar tudo certo”, relata.
Enfatiza ainda que os ventos são assustadores, tem medo das coisas sair voando e que ainda há muitos destroços do furacão passado que ainda não foi organizado. “O vento é muito forte. Enfim, é um furacão.  Meus pais estão aqui nos visitando. Era para eles terem ido embora, mas o aeroporto fechou e o voo foi adiado para sexta-feira. Apesar do meu coração achar que teria sido melhor eles terem ido para casa [em Presidente Prudente] e não precisarem passar por isso, por essa tensão, vejo o cuidado de Deus em mantê-los aqui para que vão em segurança, nos ajudem com as crianças. E, também estejam aqui quando a tempestade passar e, se porventura, a gente precisar de uma ajuda extra”, salienta. 


Com uma fé inabalável, Elaine e sua família esperam a tempestade chegar e tão breve passar. “Sempre mantendo na minha cabeça e coração, apesar de estar um pouco nervosa, que Deus é bom e está em controle de todas as coisas, ainda mais em uma tempestade tão poderosa desta, que os homes não conseguem controlar. Só a mão de Deus. Apesar de ficarmos assustados, temos que lembrar que Deus é soberano e é bom o tempo todo. Falamos isso para as crianças, que não percebem o risco eminente. Estão super animadas, pois falamos que vamos assistir filme, fazer cabana na sala, chocolate quente,  pipoca. Empolgados para acampar na sala e eu e meu marido pedindo proteção de Deus. E, pode ser que no último minuto mude tudo”, descreve Elaine.

Fotos: Cedidas

Casa é protegida por madeiras para passagem de furacão

O clima atual
Quanto ao clima, no momento em que falou com a reportagem, na manhã desta quarta-feira, Elaine disse que o dia amanheceu com um cenário bem diferente da terça-feira, que estava ensolarada e calma. “É a calmaria antes da tempestade. Hoje [quarta] já está escuro e com muita chuva. Sinal que está se aproximando”, diz. A previsão é que o furacão chegue na área onde está na madrugada, por volta de 2h da manhã (de quarta para quinta-feira). “A gente se preparou. Congelamos garrafas de água, tem combustível para o gerador, já que a previsão é de vários dias sem energia. Compramos bastante enlatados por conta disso. As banheiras estão cheias de água, caso falte. A gente não suja muito as coisas desde então, deixa tudo bem limpo, usando só descartáveis. A aflição é muita. E a responsabilidade é grande com as crianças, em deixar as coisas mais leves para elas. A gente explica a gravidade, mas sem passar tanto medo, sem deixá-los nervosos. A gente não sabe como vai ser depois da tempestade”, explica.


A família segue na expectativa. “Graças a Deus temos tempo para nos prepararmos. É agonizante essa espera, de ficar assistindo na TV e saber que está cada vez mais perto o furacão. Desde segunda-feira, as atividades escolares estão canceladas, os supermercados já com as prateleiras vazias. É ruim ficar esperando, por outro lado, é uma benção ter esse tempo”, diz.

Os pais
Os pais de Elaine, Oscar Soares Pereira, 63 anos e Elisabete Moreira Pereira, 61, seguem na cidade americana ao lado da filha. “A experiência é muito ruim. Viemos para ver a família e acabamos passando por dois furacões e um deles considerado o mais forte em anos! Mas fico feliz em podermos estar aqui para ajudar a família também. Deus é bom em todo o tempo”, destaca o pai.
A mãe segue também na expectativa. “Viemos passar as férias e, infelizmente, tivemos essa notícia. Estamos aqui temerosos, mas confiantes de que ele pode mudar o rumo, diminuir a velocidade. Estamos apreensivos, não sabemos o que vai acontecer realmente, mas tomando todas as precauções. ‘Aqueles que confiam no Senhor, são como montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre’. A palavra de Deus nos conforta nessa hora. Então, confiamos no Senhor, ficamos na casa, com as crianças”, relata a mãe.
 


Os pais de Elaine, os prudentinos Elisabete e Oscar, estão a pessoa na cidade americana 

O furacão
Conforme informações da Folhapress, o furacão Milton recuperou força ao longo da tarde de terça-feira. Ele atingiu ventos com velocidade de 265 km/h. A expectativa é que o fenômeno chegue à Flórida (EUA) nesta quarta (9). Enquanto isso, milhares de moradores enfrentam trânsito pesado, no sentido norte, em busca de locais seguros. A recomendação de autoridades é para evacuação. Os que decidiram ficar estão protegendo as lojas e moradias com tapumes de madeira e sacos de areia. "Vai ser poderoso, então, por favor, tomem as precauções adequadas. Ele [furacão Milton] tem o potencial de causar muitos danos", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis.
O estádio de beisebol Tropicana Field, em St. Petersburg, na Flórida, foi transformado em um acampamento para militares socorristas como parte da preparação do estado para a chegada do furacão Milton. Fileiras de camas verdes vazias ocupam o estádio da equipe Tampa Bay Rays. As autoridades pediram a cerca de 5,5 milhões de moradores da região de Tampa que saiam de casa - em alguns casos, os moradores receberam ordens de remoção. O local foi impactado pelo furacão Helene há pouco mais de uma semana.

Reprodução/Nasa

Imagens de satélite do furacão

 

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