A VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) confirmou ontem o segundo caso de LVA (leishmaniose visceral americana) humana em Presidente Prudente, neste ano. Desta vez, a doença acometeu uma mulher, 67 anos, moradora do Residencial São Paulo, zona oeste da cidade. "A paciente está bem, tranquila e estável", revela o médico infectologista André Pirajá, que acompanha o caso. Segundo o especialista, ela está internada há dois dias e deve permanecer mais cinco dias no hospital, antes de ser liberada. "Ela permanece sob medicação e, depois deste período, terá acompanhamento ambulatorial, mas poderá ir para casa", completa.
No ciclo da leishmaniose, doença é transmitida do mosquito para os animais e humanos
De acordo com a coordenadora da VEM, Vânia Maria Alves Silva, será iniciado hoje o manejo ambiental em nove quadras ao entorno da residência da moradora. O trabalho consiste na retirada de todo material em decomposição, que deixa a situação propícia para proliferação do mosquito-palha, vetor da doença.
"No bairro, alguns moradores criam galinhas e porcos. Além de retirarmos todo material em decomposição, será pedido também que os munícipes retirem esses animais da área urbana e levem para a rural, já que ambos favorecem o aumento no número do mosquito-palha", ressalta.
Amanhã, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) também deverá iniciar a borrifação, "isso se não houver nenhuma intempérie", informa a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação). Neste primeiro momento, o trabalho será realizado em duas quadras ao entorno da residência da moradora acometida pela doença. "Em janeiro, o trabalho será retomado, pois no bairro tem 230 residências e, além disso, no ano que vem, o CCZ deverá realizar a coleta de amostra de sangue canino novamente neste bairro", informa Elaine Bertacco, educadora de saúde da VEM.
Vânia revela ainda que no Residencial São Paulo e adjacências foram contabilizados mais de 100 cães acometidos com leishmaniose. "Na casa desta senhora, de 2015 até o momento, já teve registro de dois cachorros com a doença. Na rua dela, foram nove casos de 2015 até agora", pontua.
Histórico
Vale lembrar que em toda história de Prudente já foram confirmados quatro casos de leishmaniose em humanos. O primeiro foi em 2013, em uma prudentina de 41 anos, moradora no Jardim Santa Mônica; o outro em 2015, em um bebê de um ano e nove meses, no Jardim Cobral. O terceiro caso foi em 2016, em um idoso de 75 anos, do Residencial Universitário, que não resistiu à doença e faleceu.
Em relação aos cães, neste ano, a doença acometeu 167, sendo 155 casos autóctones, ou seja, contraídos na cidade, e outros 12 importados, vindos de outras localidades.
SAIBA MAIS
O mosquito-palha se reproduz na terra, em material orgânico em decomposição e, por isso, é fundamental que a população mantenha suas residências e terrenos limpos para evitar a proliferação do inseto, transmissor da leishmaniose. "Ele põe os ovos onde tem fruta podre, restos de plantas, fezes de animais", detalha Elaine Bertacco, lembrando que a presença de galinhas na área urbana também gera grande risco. "O mosquito se alimenta do sangue da galinha ou do cachorro e acaba contaminando também os seres humanos", completa. Os sintomas da doença são febre, emagrecimento e aumento do baço e do fígado.