Estudo do Ipea elencou os 30 municípios com mais de 100 mil habitantes, com base em dados de 2015 sobre homicídios
O Atlas da Violência 2017, divulgado nesta semana pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), elenca Presidente Prudente como a 11ª cidade mais pacífica do país, ao analisar os dados sobre homicídios e MCVI (mortes violentas por causa indeterminada) de 2015. Com 18 homicídios e uma população de 222 mil habitantes, Prudente possui uma taxa de 8,1 homicídios para cada 100 mil habitantes, além de nenhum registro de morte violenta sem razão esclarecida. O município fica atrás de Teresópolis (RJ) e está logo acima de Mogi Guaçu (SP).
Com base nessas informações, o estudo trouxe informações sobre as 30 cidades mais seguras, sendo 24 do sudeste do Brasil e cinco da região sul. Só uma das “menos violentas” é do norte, e nenhuma é do nordeste. O Estado de São Paulo lidera o ranking de segurança, com 19 de suas cidades entre as 30 mais pacíficas.
O professor de sociologia do curso de Direito da Toledo Prudente Centro Universitário, Renato Herbella, reforça a complexidade do tema abordado no estudo, e lembra que simplificações comumente propagadas geram insegurança e disseminam um discurso incompatível com o que apontam as pesquisas e os especialistas da área.
Conforme o docente, ao longo da história, diversas teorias foram desenvolvidas para explicar o que gera a criminalidade, ou melhor, o que motiva o agente a transgredir as normas, visto que os crimes têm motivações distintas: o empresário que “lava dinheiro” ilícito não comete crime pela mesma razão que o sujeito que furta para se alimentar.
“Como fenômeno complexo, cientistas explicam o crime a partir de fatores biológicos, psicológicos e, sobretudo, sociais. O crime, portanto, é uma resposta ao meio em que o indivíduo vive”, esclarece Renato. Assim, para ele, não é equivocado afirmar que o controle social informal, exercido pela sociedade através dos exemplos de honestidade e da educação familiar, o controle social formal praticado pelo Estado, e a efetivação de políticas públicas que favorecem a inserção dos indivíduos no tecido social, não excluído ou marginalizado, representam uma boa resposta para a prevenção ao crime.
Políticas públicas
“Em relação a Prudente, especificamente, diversos fatores contribuem para resultados tão positivos. Sem dúvida, as políticas públicas efetivamente aplicadas são determinantes para o alcance de bons indicadores”, diz o professor de sociologia. Para Renato, esse fenômeno abrange desde o saneamento básico ao acesso à educação, atingindo a segurança pública e revelando que o Estado e suas instituições, quando cumprem com seus deveres, proporcionam efetivo desenvolvimento social.
Para o delegado e diretor do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior), Walmir Geralde, o bom indicador do município tem relação direta com uma soma de fatores, que vão desde a presença dos órgãos de segurança e de Justiça criminal, bem como as políticas públicas. “Isso indica a qualidade dos serviços que são prestados, o empenho e a responsabilidade social das instituições”, afirma. O delegado ressalta ainda o envolvimento da sociedade com os órgãos, por meio de uma participação considerável da sociedade civil nas decisões tomadas sobre segurança pública.
MUNICÍPIOS MAIS PACÍFICOS - ATLAS DA VIOLÊNCIA 2017
Município |
População |
Taxa de Homicídio + MCVI |
1º - Jaraguá do Sul (SP) |
163.735 |
3,7 |
2º - Brusque (SP) |
122.775 |
4,1 |
3º - Americana (SP) |
229.322 |
4,8 |
4º - Jaú (SP) |
143.283 |
6,3 |
5º - Araxá (MG) |
102.238 |
6,8 |
6º - Botucatu (SP) |
139.483 |
7,2 |
7º - Bragança Paulista (SP) |
160.665 |
7,5 |
8º - Jundiaí (SP) |
401.896 |
7,7 |
9º - Conselheiro Lafaiete (MG) |
125.421 |
8,0 |
10º - Teresópolis (RJ) |
173.060 |
8,1 |
11º - Presidente Prudente (SP) |
222.192 |
8,1 |
12º - Mogi Guaçu (SP) |
147.223 |
8,2 |
13º - Barbacena (MG) |
134.924 |
8,2 |
14º - Marília (SP) |
232.006 |
8,2 |
15º - Valinhos (SP) |
120.258 |
8,3 |
Fonte: IPEA