"Se a riqueza estimula a pobreza, aumenta a criminalidade; soberania arrancada do povo, com requintes de crueldade; fauna e flora com marcas da guerra caem gangues na luta por terra; inaceitável o original massacrado pelo capital. Quanto vale sua consciência? Vale quanto toda sua dor? Levante sua bandeira de luta, unido ao trabalhador". O rap poético do integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), Cícero da Silva Almeida Júnior, foi o perfeito poslúdio para a manifestação conduzida por entidades sindicais e pela população na manhã de ontem, em Presidente Prudente. A greve geral, aderida por diversos segmentos, demonstrou a insatisfação dos integrantes em relação às propostas de reforma trabalhista e previdenciária, do governo federal.
Grevistas queimaram caixão com foto do presidente da República no centro da cidade
Segundo a Polícia Militar, o movimento teve início com aproximadamente 200 pessoas, mas a adesão foi crescendo e terminou com um balanço de 400 participantes, que caminharam pela Avenida Manoel Goulart, desde a rotatória do Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, até o calçadão da Praça Nove de Julho. A organização, no entanto, confirmou a presença de cerca de 3 mil manifestantes.
Enquanto eles subiam pela avenida, as pessoas saíam para frente dos estabelecimentos comerciais para "assistir" a greve, como se fosse uma parada. Fotografavam e filmavam, como turistas assistindo um acontecimento único ou insólito. Um ou outro debochava da caminhada ou soltava algum impropério contra o coletivo, que se perdia em meio ao som da bateria, dos discursos e do "Fora Temer" entoado. Ao final do evento, um caixão – no qual estava uma foto do presidente Michel Temer (PMDB) - chegou a ser queimado, simbolicamente, no centro da cidade.
Adesão dos sindicatos
O representante da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e do Conselho Intersindical, Gilberto Lúcio Zangirolami, informou que mais de 20 entidades sindicais estavam representadas no evento, incluindo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Sindasp (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado), Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho), Sintracon (Sindicato dos trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil), além do já citado MST e o apoio da Frente Brasil Popular.
O Sipol (Sindicato dos Policiais Civis de Presidente Prudente e Região), apesar de não poder realizar uma paralisação das atividades, apoiou o movimento. A Fecomerciários (Federação dos Empregados no Comércio do Estado) também estava presente na manhã de ontem com muitos integrantes e bandeiras, mas isso não afetou o comércio da cidade, que funcionou normalmente.
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) também participou de forma expressiva, com pelo menos nove escolas 100% paralisadas na região, e outras 18 com paralisação parcial em Prudente, Pirapozinho, Caiabu, Estrela do Norte, Rancharia, Regente Feijó, Álvares Machado, e Sandovalina.