Uma manifestação contra a nova tarifa e demais insatisfações sobre o transporte coletivo de Presidente Prudente acabou em confusão, na noite de segunda-feira. Alguns manifestantes jogaram pedras e ovos contra um ônibus, e até o vidro de uma janela acabou quebrada. A Polícia Militar foi acionada. Não houve agressão e ninguém ficou ferido. A manifestação ocorreu por volta das 19h30, na popular praça do wifi do Conjunto Habitacional João Domingos Netto.
De acordo com o líder do ato, Emerson Júnior Silva, 29 anos, consultor externo, cerca de 200 pessoas se reuniriam para protestarem contra o novo valor, que subiu de R$ 3,25 para R$ 3,60 ontem, além de outras insatisfações do serviço. "Os veículos são velhos, as questões de limpeza não são das melhores, e temos somente uma linha para atender o João Domingos. Essa linha, por sinal, só leva até o centro. De lá, as pessoas devem recorrer à outra linha para chegar a outro local, como um hospital, por exemplo", comenta.
Movimento ocorreu segunda-feira, no João Domingos Netto
Ainda de acordo com Emerson, o ato foi criado com ações por meio das redes sociais e avisos aos colegas do bairro, "e o intuito sempre foi pacífico". "As coisas fugiram do controle por conta de alguns oportunistas. Não tínhamos a intenção de depredar nada. Somente cobrar novas medidas com cartazes e a reunião dos usuários do serviço", destaca.
O líder do protesto também diz que não sabe identificar as pessoas que atiraram objetos no transporte. Por conta disso, ele recebeu, ontem, um boletim de ocorrência do fato. "Acredito que serei processado, mas já procurei um advogado", conta.
Outro morador do João Domingos Netto, o vigilante Jair Antônio dos Santos, 51 anos, diz que compreende o valor cobrado atualmente, por conta do valor da manutenção e combustíveis, mas não considera justo que o serviço oferecido permaneça da mesma forma. "Falta de linha, falta de cobrador, poucos pontos, veículos velhos e com defeitos. Falta qualidade no transporte e isso deve mudar", considera. Já Maria Silva, 54 anos, dona de casa, acha o valor "abusivo". "É um preço injusto. Compromete o orçamento da população", relata.
Empresas
A representante das empresas que atuam na cidade, advogada Renata Moço, diz que tomou conhecimento do fato pelo boletim de ocorrência, e que a empresa tomará as providências cabíveis. Em nome das empresas TCPP e Pruden Express, ela diz estar ciente do inconformismo da população, mas alega que nada justifica o resultado do protesto. "Não vimos um ato pacífico. O motorista foi recebido pela manifestação com objetos atirados no parabrisa. Além disso, a passagem foi impedida e o motorista ficou amedrontado. O líder deverá responder pelos atos daqueles que tumultuaram, a não ser que ele indique os responsáveis", explica.
Renata comenta ainda que o manifesto é um direito de todos, "mas, a partir do momento que provoca danos, os responsáveis devem repará-los e responder por eles", acrescenta. Sobre os valores e as constantes críticas do serviço, Renata expõe que tanto a TCPP como a Pruden Express têm se esforçado para atender os usuários, "mesmo com o valor da tarifa defasado há anos", cita.
Prefeitura
A administração municipal, por meio de nota, esclarece que a Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) está fiscalizando a frota das empresas de transporte coletivo. Com isso, espera melhorar a qualidade da prestação dos serviços a toda população usuária. As principais irregularidades constatadas e que estão sendo sanadas por parte da empresas, conforme a Prefeitura, são: vidro trincado, pneus desgastados, falta de higiene e limpeza, extintores com prazo de validade pouco visíveis e poltronas com assentos rasgados. "Os veículos estão sendo retirados de circulação até que estejam novamente em perfeitas condições de uso", informa a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação).
De acordo com a pasta, quanto à abertura de licitação para contratação de empresa para prestar o serviço, todos os procedimentos de correção, que motivaram a suspensão da licitação, estão sendo atendidos pela Seajur (Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos e Legislativos). "O processo licitatório será reaberto assim que for liberado o edital pela Justiça. A expectativa é que seja ainda neste semestre", expressa.
