O fim do ano se aproxima e muitos escolhem esse momento para fazer um balanço dos 365 dias que passaram, juntamente com uma autoavaliação, para, assim, implantar novas metas para a etapa que virá. O instante da virada, segundo a psicóloga Renata de Luca, acaba se tornando um ritual de passagem, em que as pessoas realizam simpatias e promessas de melhora, sendo as mais comuns relacionadas aos hábitos e problemas a serem resolvidos, como perda de peso, economia de dinheiro e dedicação de tempo aos familiares.
No contexto atual, a psicóloga pontua que a administração do tempo, qualidade de vida e convivência com a família se tornam os principais assuntos a serem resolvidos com as promessas. “Grande parte da população está acima do peso, é uma época de muito consumo e de escassez de tempo. Então, o homem moderno busca resolver esses problemas de hábito e cotidiano. O homem enxerga o que precisa melhorar e faz as promessas, ou seja, são resultados da autoavaliação feita”, explana.
A profissional pontua que a virada do ano é um marco na vida das pessoas, que envolvem diversos rituais e um deles é a realização de simpatias. As mais corriqueiras visam atrair sorte para o novo ano, sendo válido comer romã ou uva e guardar as sementes na carteira, comer lentilha, pular as ondas do mar, usar uma peça íntima nova com uma determinada cor que quer dizer algo, entre outras. “São símbolos que possuem algum significado histórico ou por alguma crença, que trazem esperança”, pontua.
Apesar de serem tradições válidas, consideradas saudáveis, Renata conclui que funcionam mais como um apoio subjetivo à prática e esperança. Contudo é preciso de disciplina para concretizar atos e mudar os hábitos para que as metas sejam alcançadas. “Funcionam a partir da crença das pessoas, que se sentem melhor e mais motivadas, pois atribuíram algum significado. As pessoas têm um propósito, fazem os rituais, mas o difícil é sustentá-los. Existem em todas as culturas. Desde que o homem é homem, ele sempre precisou de rituais e de esperança para seguir em frente”, expõe.
Expectativas
Após um dos seus “piores” anos, o balconista Antonio Sergio da Silva, 27 anos, espera que 2018 seja um ano melhor, com mais oportunidades de emprego, cheio de conquistas e vitórias. Assim, conta que suas promessas são sempre para o lado profissional. “Tenho fé que será um ano vitorioso e espero muito que meu time seja campeão”, brinca o torcedor assíduo do São Paulo.
Para garantir a sorte no novo ano, o vendedor Francisco Roberto dos Anjos, 61 anos, sempre come uvas para guardar as sementes, e lentilhas, durante a virada. Antes, vai à missa com a família pedir por mais paz e equilíbrio para toda a sociedade. “Não adianta ser individualista, precisamos pensar em todos, por isso, tenho a expectativa de um ano mais transparente, com muita luz”, pontua.
Melhoras na sociedade também são os pedidos do aposentado Reginaldo Valadão, 92 anos, que diz jogar futebol no dia da virada e depois vai à missa, para que o ano comece bem. “Espero que o país crie juízo e saiba escolher seus representantes. Uma nação renovada”, estima.
