"No interior do diamante bruto, escuro e informe, fulgura uma estrela que aguarda ser arrancada a goles de cinzel e lâminas lapidadoras". As palavras de Joanna de Ângelis, transcritas há décadas, se fazem presentes ainda hoje com os pequenos talentos revelados no dia a dia. Na tarde de ontem, a delicadeza do traço de Elleonay Marcelino de Oliveira Santos, 12 anos, trazia mais vida aos vasos coloridos pelas mãos de outras crianças na Casa da Sopa São Francisco de Assis, por meio de uma ação social.
Cerca de 20 atendidos pela entidade participaram pela segunda vez de um projeto idealizado e desenvolvido pela estudante de Medicina Veterinária da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Juliana Petri, no ano passado. Os vasos de cerâmica foram doados por uma empresa de Indiana, e após receberem sua pintura são vendidos com o objetivo de arrecadar dinheiro para a castração de animais do Km 7, bairro onde fica a Casa da Sopa em Presidente Prudente.
Cerca de 20 atendidos pela Casa da Sopa participaram da atividade lúdica, ontem
Elleonay não está entre os atendidos. Na verdade foi convocado por sua tia, Alaine Baccarin – que também é estudante de Medicina Veterinária – para tornar mais belos os vasos com o talento que possui. De cabeça mesmo, ele desenhava desde os próprios bichinhos beneficiados com a ação (cachorros e gatos), a personagens famosos entre os mais jovens, como as Tartarugas Ninjas. "Eu sempre gostei de desenhar, desde os meus cinco anos", conta o menino, que adorou a ideia de trabalhar em prol de bichos de estimação, já que tem uma maritaca chamada Pingo e um cachorro chamado Fredie.
Conforme Alaine, a ideia é que a ação continue sendo realizada uma vez por mês na Casa da Sopa para dar continuidade ao trabalho de conscientização, e também para a arrecadação de recursos com a comercialização dos vasos. "É importante para que eles sejam cuidadores dos animais do próprio bairro", afirma. Juliana, que tornou real esse trabalho que envolve aproximadamente 80 estudantes do curso, acrescenta que pretende realizar um censo da população animal do bairro neste ano, visto que os bichinhos que estão sendo castrados foram por meio de um cadastro voluntário realizado pela iniciativa dos próprios moradores.
Desde o início do projeto já foram 45 animais castrados pelos próprios estudantes do curso – a partir do 6º termo, com coordenação da professora Camila Bernardi, por meio da ação de extensão universitária que proporciona aprimoramento técnico dos estudantes, pesquisa científica e traz um benefício à comunidade. O trabalho é todo custeado com verbas do projeto, que é responsável desde transporte dos animais que passam pelo procedimento até a concessão do medicamento pós-cirúrgico.
Para Luciana Barros, coordenadora da entidade beneficente que possui 47 alunos matriculados de 9 aos 15 anos, a ação pedagógica e lúdica proporcionada pelo projeto é muito importante para os estudantes que aprendem sobre a importância de cuidar dos animais do próprio bairro. "Eu já queria ser veterinária antes, agora quero ser mais ainda", relata Sarah Cristina Bastos de Jesus, que é atendida pela Casa da Sopa e pintou pela primeira vez um vaso, na tarde de ontem.
Custeio do projeto
Quem desejar auxiliar a manutenção do projeto com a doação do material pedagógico para a pintura dos vasos pode procurar a Casa da Sopa, que fica na Rua Willian Edi Tedros, 171, no Jardim Morada do Sol, no Km 7, ou entrar em contato pelo telefone 3905-1515. A entidade se mantém com o auxílio da comunidade e também precisa atualmente de material de construção para a manutenção da estrutura.
