O Projeto de Lei 40/2015 prevê a retirada das cancelas das cabines de cobrança eletrônica dos pedágios. No entanto, para os motoristas, ao menos a maioria dos entrevistados por este diário, as cancelas que existem nos sistemas automáticos de cobrança, em que, por meio de um dispositivo instalado nos veículos, os motoristas podem passar direto pela via da praça sem precisar parar, visto que a cobrança é emitida automaticamente, são objetos que contribuem na prevenção de acidentes.
Isso porque, segundo eles, "é algo que inibe a velocidade dos condutores". Sem a cancela, os motoristas lembram que algumas pessoas podem mudar a postura e cruzar o pedágio em alta velocidade, até mesmo para "burlar" a cobrança, no caso, os motoristas que não possuem o dispositivo de cobrança automática e queiram passar pela via sem pagar.
Aprovado na Alesp, PL prevê retirada das cancelas de cabines de cobrança automática
Por outro lado, há quem diga que a retirada do objeto vai contribuir, justamente, para evitar tais acidentes de trânsito. Um dos que pensam assim é o deputado estadual Edmir Chedid (DEM), autor do PL, que solicita a exclusão dos objetos nos corredores que atendem o serviço eletrônico nas rodovias paulistas. De acordo com o legislador, por meio de sua Assessoria de Imprensa, a iniciativa tem como objetivo "garantir proteção à integridade física dos usuários do sistema viário".
O deputado ressalta que o sistema tem acarretado acidentes, por apresentar falhas porque, em certos casos, não identifica o tag de leitura – dispositivo fixado dentro do veículo – e, com isso, ressalta que a cancela também não abre, "colocando motoristas em risco". Após tramitar pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) desde março, o PL foi aprovado pelos legisladores terça-feira. Agora, o documento segue para sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e, posteriormente, ser publicado no DOE (Diário Oficial do Estado). Por fim, o deputado pontua que "já existe tecnologia capaz de inibir motoristas que eventualmente queiram se beneficiar da ausência de cancelas".
Opinião
"Acredito que se os motoristas respeitarem a velocidade indicada nos pedágios, não teriam acidentes com as cancelas", cita o motorista Jair Alves Ferreira Filho, 56 anos. Ele diz que, na sua rotina, a permanência ou não do objeto, não faz diferença, mas acredita que além dos motoristas que podem cruzar o pedágio em velocidade mais alta que o indicado, ainda terá quem queira passar sem pagar. "Aí sim poderá ocasionar mais acidentes", cita.
Esta opinião também é compartilhada pelo motorista Paulo Sérgio dos Santos, 37 anos. Para ele, a cancela "é uma barreira que intimida o condutor a não passar em alta velocidade pela via". Ele diz que o procedimento é um ato de prevenção. "Para mim não fará diferença, mas acho que devem manter o sistema", esclarece.
"Se tirar a cancela ficará mais perigoso", frisa o motorista Cleiton Teixeira, 33 anos. Ele menciona que o objeto ajuda para que os condutores respeitem mais as velocidades estabelecidas, transitem pelo local com mais segurança e evitem possíveis acidentes. "Sou contra. Tem que permanecer", atenta.
Discordando dos companheiros de profissão, o motorista Paulo Alves de Oliveira, 42 anos, pontua que a retirada é positiva, "pois o erro na leitura do dispositivo realmente acarreta acidentes". Ele diz que já presenciou acidentes pela cancela não subir. "Vai ajudar 100%", afirma.
Cart
Em nota, a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares) informa que tem conhecimento do projeto em tramitação e que "trabalha constantemente" para garantir a segurança dos usuários nas rodovias sob a sua concessão. A empresa entende que a "cancela é um elemento móvel que evidencia a necessidade de obediência e com o objetivo de alertar os condutores, bloquear, proteger pedestres ou trabalhadores, garantindo o exercício do direito ao trânsito seguro, conforme evidencia o Código de Trânsito Brasileiro".
"A retirada das cancelas poderá reduzir a segurança tanto de motoristas quanto dos nossos colaboradores", enfatiza a concessionária.
Ainda assim, a Cart orienta os condutores que utilizam as cabines de cobrança automática a respeitar o limite de velocidade sinalizada, manter distância segura do veículo à frente, evitar manobras e ultrapassagens arriscadas - prevenindo o risco de acidente e, principalmente, colisão traseira. Em todas as praças de pedágio do Corredor Raposo Tavares existem cabines específicas para pagamento, por meio de cobrança automática.