Classificado em primeiro lugar no edital do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente - por meio do qual o CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) seleciona projetos a serem financiados com os recursos financeiros destinados ao fundo por meio de doações - e em atividade desde fevereiro deste ano, o Projeto Juventude em Cena é realizado em Presidente Prudente pela APPA (Associação Prudentina de Prevenção à Aids), atendendo a 170 adolescentes por mês. O trabalho ocorre em parceria com quatro escolas estaduais: Teófilo Gonzaga da Santa Cruz, Pedro Tófano, Marietta Ferraz de Assumpção e Professor Joel Antonio de Lima Genésio.
De acordo com a coordenadora da associação, Carla Diana, o projeto foca atenção especial à prevenção das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), HIV/aids, álcool e outras drogas, e a discussão sobre raça/cor/etnia, gênero, identidade de gênero, diversidade sexual, sexualidade, bem como violências, bullying entre adolescentes e jovens de unidades escolares, por meio de ações lúdicas, culturais, educativas, e, sobretudo, interativas, incentivando os mesmos a atuarem como multiplicadores do conhecimento e transformadores da realidade.
Carla acentua que a proposta é uma “revolução” no trabalho com adolescente, de forma atrativa, inovadora, prende a atenção, oportuniza os jovens a manifestarem seu universo, vivências, experiências e ainda debater sobre temáticas atuais, que produzem reflexões construindo opiniões.
“Sou coordenadora e a idealizadora do projeto, mas temos uma equipe de trabalho formada por três educadores sociais e uma psicóloga [todos funcionários da APPA]. A classificação do projeto em primeiro lugar no edital foi uma conquista de toda essa equipe”, pontua. “As escolas cedem os espaços físicos e o horário na grade escolar e nós realizamos todo o resto. Importante destacar que são escolas com índices de vulnerabilidade e risco para adolescentes, em diversas situações, por isso trabalhamos com elas”, acrescenta Carla.
Participante do projeto, Alícia Mariana dos Santos, da Escola Estadual Fernando Costa, diz que o ganho em informações, há dois anos, tem sido valioso. “A maneira lúdica como aprendemos sobre como se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis, ou o racismo, que o preconceito não é bom, que todos merecem respeito... enfim, tudo que aprendemos aqui dentro é diferente e ainda podemos compartilhar lá fora com outras pessoas, que não têm acesso a esse tipo de aprendizado”, destaca a jovem de 15 anos.
O colega Pedro Henrique dos Santos Paulo, 17 anos, que tem o mesmo tempo de aulas na associação, complementa a colocação da amiga e acrescenta a importância dos temas trabalhados com os jovens. “Esta é uma fase da vida [adolescência, juventude] em que surgem muitas dúvidas, questionamentos, indecisões no pensamento de muitas pessoas. Pode não ser de todos, mas acredito que a maioria se sente perdida, muitas vezes”, acentua Pedro.
Carla explica que a ideia do Juventude em Cena é trabalhar além da preocupação com a vulnerabilidade do adolescente/jovem quanto às dificuldades da adolescência das mais diversas situações. Poder construir coletivamente, por meio de um espaço de convivência e participação em discussões, questões relevantes que envolvem todo o contexto da juventude.
“Em especial com abordagens que venham ao encontro com essa fase da vida. A intenção é contribuir com eles na aquisição de novos conceitos e conhecimentos a partir da escuta, da participação, da vivência e da reflexão acerca das temáticas aplicadas, visando o desenvolvimento do protagonismo e autonomia diante das diversas situações colocadas em exposição”, complementa a coordenadora.
Em etapas
Existe um cronograma de datas com as unidades escolares, em que ficaram estabelecidos os encontros semanais, onde o trabalho é desenvolvido através de oficinas temáticas com a linguagem voltada ao adolescente/jovem uma vez por semana, em cada uma das unidades escolares. Ao longo do período de execução do projeto, as atividades são divididas em três etapas, até o final do ano, sendo: etapa 1 - Construção do universo informacional: "Fala galera" e "Multiplica galera"; etapa 2 - Produção do conhecimento: "Desenvolve galera" e "Protagoniza galera"; e a etapa 3 - Exposição do conhecimento: "Galera em cena" e "Curte galera".
“Estamos iniciando agora a segunda etapa. A aceitação e participação por parte dos atendidos são muito positivas, porque a metodologia aplicada no desenvolvimento do projeto vem ao encontro com a linguagem deles, e as temáticas trabalham o cotidiano que todos os jovens vivenciam, na escola, na família, sociedade, etc.”, enfatiza Carla.
A coordenadora menciona que quando chegar à etapa 3, os alunos produzirão uma feira, apresentando, em diversas linguagens (curta metragem, teatro, fotografia), o trabalho desenvolvido. “Entendemos que a população jovem está muito vulnerável, por ter crescido o índice de infecção nos últimos anos e, por isso, a importância desses trabalhos voltados à informação e prevenção”, explana a coordenadora.