Conforme os números fornecidos pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), no ano passado foram 58 flagrantes de tentativa de entrada de aparelhos celulares por correspondência nas unidades subordinadas à Croeste (Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste) - fora os registros de inserções nos dias de visitas aos sentenciados. Dentro das unidades, o eletrônico tem um valor importante, e mesmo com a fiscalização, ainda acabam nas mãos dos presidiários.
É através do aparelho que os sentenciados fazem contato ilegal com o mundo externo, principalmente com membros de facções criminosas em liberdade, conforme afirma Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Ele explica que a prática favorece a ocorrência de crimes como tráfico, roubos, sequestros, homicídios, além de golpes de estelionato como o falso sequestro, clonagem de WhatsApp com pedido de empréstimo, dentre outros.
Em março, o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) concedeu liminar que suspendeu as visitas a presos nas penitenciárias da região oeste, o que, segundo Gakiya, fez com que utilizassem outros métodos para tentar inserir drogas e celulares nos presídios. “Com a referida proibição, houve prejuízo para as comunicações entre presos no sistema prisional paulista e faccionados em liberdade”, afirma. Isso porque muitos utilizavam as visitas para a entrada de drogas, troca de informações referentes ao tráfico, contabilidade e outros crimes.
“O criminoso busca oportunidade. Mesmo correndo o risco de ser descoberto, familiares e outros criminosos, também sabendo que as visitas estão suspensas durante a pandemia, tentam de todas as formas burlar a vigilância, enviando drogas, cartas com conteúdo ilícito e celulares por meio do correio e, às vezes, utilizando de meios como drones e outros”, considera o promotor. “A questão da entrada de ilícitos nas unidades prisionais é um problema em prisões do mundo inteiro”.