"A maior bacia leiteira do Estado". Assim classificou o secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado, Arnaldo Jardim, sobre a região compreendida pelo Pontal do Paranapanema e que recebeu ontem o lançamento oficial do Plano Mais Leite, Mais Renda e que visa aumentar em até 41%, em dez anos, o total produzido do produto nas propriedades paulistas. O encontro com representantes dos municípios da região ocorreu no Observatório Anwar Damha, da Cidade da Criança, em Presidente Prudente, e marcou o pontapé inicial de um projeto que tem a intenção de ampliar a produção paulista de 1,77 bilhão para 2,5 bilhões de litros ao ano, o equivalente ao aumento esperado.
Segundo o secretário, a intenção com o Plano Mais Leite, Mais Renda é a de agregar a produção leiteira do Estado, com volume e qualidade do produto. “O Brasil ainda tem importado o leite e isso é algo que não combina com nossa história, por isso, precisamos incentivar e aumentar a nossa produtividade. Essa é a região ideal, já que faz toda a diferença no Estado por ser a maior bacia leiteira”, esclarece. Conforme a secretaria, 70% do produto consumido no país ainda é importado.
Arnaldo lembra ainda que, para o funcionamento do programa, a secretaria irá reunir instituições de pesquisa, produtores e indústrias para uma ação conjunta, como pensar e fornecer programas de financiamento para a melhoria da produtividade do leite. O responsável pela Pasta diz ainda que os resultados serão em curto prazo e “satisfatórios”. “A produtividade deve ser elevada dos atuais 1.380 litros ao ano por vaca para 2 mil litros, com uma taxa de crescimento geométrico de 3,5% ao ano”, expõe a secretaria.
Além do encontro que ocorreu no fim da tarde de ontem, em Prudente, Arnaldo passou pelas cidades de Martinópolis, quando deu início às atividades da safra da cana de açúcar, por Paraguaçu Paulista, onde inaugurou as instalações voltadas aos produtores de leite e que poderão processar o produto e Narandiba. Já em Prudente, foi entregue para a Associação de Produtores Hortifrúti Granjeiro um galpão equipado para o processamento de verduras e produção de nhoque feito a partir de mandioca e batata doce, por exemplo. “Entregamos ainda kits de equipamentos agrícolas, com tratores, distribuidores de calcário e pulverizadores para 12 municípios da região. Não estou com promessas, estamos trazendo melhorias”.
Benefícios regionais
De acordo com o assistente agropecuário da Casa da Agricultura de Presidente Bernardes, Roberto Shirasaki, o leite é a principal fonte de renda da agricultura familiar, sendo que ações voltadas aos produtores são sempre bem-vindas, por se tornarem uma expectativa de melhorias ao setor. “O produtor recebe pouco pelo litro de leite, essa talvez seja uma política até do governo para que todos tenham acesso ao produto. Com isso, o programa apresentado pode ser uma solução para os altos custos de produção”. Roberto diz ainda que os possíveis valores mais baixos permitem que o produtor “sobreviva” ao mercado.
Já o técnico agrícola da Casa da Agricultura de Presidente Epitácio, Marlan Nunes, lembra que os altos custos de produção enfrentados pela região são causados pela não produção regional da matéria-prima da ração, o que dificulta a venda. “Mesmo assim, o leite é um bom negócio e com o programa, não somente eles serão beneficiados, mas também a população”.
SAIBA MAIS
De acordo com a secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado, estudos realizados sobre a bovinocultura leiteira em São Paulo demonstram que, nos últimos anos, o número de produtores de leite no Estado vem sofrendo redução, que é causada pela competição com atividades agropecuárias mais lucrativas, e que passaram a ocupar a área e a mão-de-obra disponível. “Reduziu-se a área de pastagens e o número de vacas ordenhadas e, consequentemente, houve diminuição da produção, comercialização, renda e empregos relacionados à atividade. A consolidação de uma bacia leiteira pode proporcionar uma série de melhorias para a qualidade de vida das famílias e garantir a permanência destas no campo”, afirma a Pasta.