O domingo foi marcado pela expectativa dos candidatos que realizaram o primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Além das 45 questões objetivas de ciências humanas e linguagens, os participantes também escreveram a redação que teve como tema: “o estigma associado às questões mentais na sociedade brasileira”, que na visão de professores ouvidos pela reportagem, foi uma temática considerada relevante.
Para a professora de Redação e Gramática no Ensino Médio, Lilian Aparecida Molina Villa Favareto, os alunos estavam preparados para produzir o texto. Isso porque, além de o tema ser atual, considera-o “pertinente” e dentro do padrão de provas anteriores.
“Uma situação problema comum à realidade brasileira, acentuada em tempos de pandemia, já que fomos obrigados a rever nossa dinâmica social”, explica. Conforme a professora, “Setembro Amarelo”, o filme “O Coringa”, algumas séries e obras literárias que abordam a questão de doenças mentais e sua relação com a sociedade, aproximam o candidato do tema.
Mas, não basta apenas ler a proposta, é precisa entender o que se pede. De acordo com Lilian, a palavra “estigma” tinha um importante papel na temática. “Ela reflete as discriminações sofridas por pessoas com esse problema, no âmbito familiar, escola, profissional e social. A proposta de intervenção deveria contemplar esses aspectos. Porém, o aluno deveria ter propriedade em relação à palavra para que não ocorresse fuga do tema ou tangenciamento da proposta”, considera.
O professor de Redação, Tchiago Inague Rodrigues, acha a proposta pertinente, e acredita que o tema não pegou os candidatos que se prepararam.
“Toda proposta de redação é sempre um desafio, pois o modo de perceber e poder escrever sobre o tema solicitado varia de pessoa para pessoa. Porém, acredito que esse o tema e o assunto em torno da saúde mental dos brasileiros possam ser objeto de pauta com frequência nas salas de aula e bem como em toda sociedade, a fim de combater o estigma que leva à psicofobia”, explica.
“A prova manteve o padrão Enem, com a presença de textos motivadores buscando orientar os alunos”.
A estudante Julia Oliveira, 18 anos, prestou o exame pela segunda vez. A respeito do tema, ela afirma que possibilitou diversos caminhos para serem explanados, mas que a pegou de surpresa.
“Achei um pouco contraditório falar sobre a saúde mental em fase de pandemia. Depois de tudo o que aconteceu, parar para escrever sobre isso achei não condizente”, expõe. Apesar disso, conta que conseguiu atender a demanda, assim como as questões. “Achei tranquilas, elas foram mais interpretativas. Em relação ao ano anterior, manteve a mesma média, que é o que se espera do Enem, nunca sabemos o que vai vir”, afirma.
Assim como a Julia, a estudante Yasmin Nascimento Ribas, 17 anos, também prestou a prova pela segunda vez. Durante o ano, ela se preparou para o exame com aulas a distância e, em uma delas, cogitou-se que o tema da prova poderia ser relacionado à saúde mental justamente pelo período da pandemia. As questões, por sua vez, também não pegaram a jovem de surpresa. “De maneira geral, manteve o mesmo nível do outro ano, com bastante texto, perguntas com muita interpretação”, lembra. “Foi bem complexa, modelo Enem”.
SERVIÇO
O exame segue no próximo domingo, quando os estudantes farão as provas de ciências da natureza e de matemática. Ao todo, cerca de 5,8 milhões de candidatos estão inscritos para fazer as provas.