Professora aborda peculiaridades das pipas

Contudo, no passado, ela não tinha o formato que tem hoje e nem era usada para o lazer, como é nos dias atuais.

Esportes - Elaine Soares

Data 09/08/2013
Horário 09:07
 

Papagaio de papel, pipa, pandorga, raia, curica. Não importa como você chama este brinquedo, o que importa é que ele sempre cumpre com sua função de fazer o homem "voar através de suas mãos". Pode parecer engraçado, mas esse foi um dos motivos pelo qual a popular pipa foi usada no passado: "levar o homem para mais perto dos pássaros". Antes disso, porém, este antigo brinquedo serviu até mesmo para pesquisas científicas. É o que conta a pedagoga Maria Aparecida Pereira dos Santos, uma apaixonada pela brincadeira que, para ela, "aguça o lúdico das crianças".

Jornal O Imparcial Professora ensina às crianças a como estruturar a pipa...

Quantos anos têm a pessoa mais velha que você conhece? Ela certamente brincou de pipa ou, pelo menos, conhecia alguém que gostava de colocar a "pandorga" no ar. Superando gerações e se perpetuando entre séculos, a pipa, segundo Santos, surgiu em cerca de 200 anos antes de Cristo (a.C.) e, portanto, tem mais de 2 mil anos.

Contudo, no passado, ela não tinha o formato que tem hoje e nem era usada para o lazer, como é nos dias atuais. Como relata a professora do Projeto Cidadescola, na China antiga, onde foi criado pelo general Han Hsin, o "papagaio" era usado pelos militares como sinalizador de informações aos seus aliados.

Ainda sobre as pipas, Santos lembra o mito grego de Dédalo, um habilidoso escultor e seu filho, Ícaro. De acordo com a professora, na história, o pai constrói uma enorme pipa com asas de pena, coladas com cera, para que ele e Ícaro fujam de uma ilha deserta, onde tinham sido exilados. A viagem deles foi bem sucedida, até que o filho, deslumbrado com a liberdade que as asas traziam, voou tão alto que teve a cera derretida pelo sol.

 

Pesquisas

Além destas histórias antigas que já envolviam as "raias", Santos faz questão de frisar a importância delas para o desenvolvimento de estudos. Conforme relata, Alexander Graham Bell teria usado o objeto para suas pesquisas sobre a telefonia. No século 17, em meio a uma tempestade, Benjamin Franklin teria empinado uma pipa de papel com um fio de metal para descobrir o para-raios. "Sem contar nos inúmeros estudos meteorológicos que contaram com o auxílio do brinquedo", destaca.

A professora ressalta que, nem sempre a pipa teve esta forma comum que conhecemos, tendo sido confeccionada de diversos modos e materiais. "Algumas eram imensas e chegavam a pesar 50 quilos . Outras tinham cerca de 400 peças. Ela só chegou a ser vareta muito tempo depois", acrescenta.

 

No Brasil e no mundo

Quando em solo brasileiro, na época da colonização, a "pandorga" já era utilizada como brinquedo. E aqui, ganhou inúmeros nomes, além dos já citados, a professora acrescenta à lista morcego, casqueta e chambeta, usados nas diversas regiões do País. Conhecida no mundo todo, a pedagoga conta que ainda hoje, nos países orientais, as pipas têm um significado místico, religioso, sendo confeccionadas com figuras que, para eles transmitem sorte, longevidade, amor, etc.

 

Efeitos

Para a pedagoga, o resgate de brincadeiras populares como a de soltar pipa, é muito importante para o desenvolvimento das habilidades emocionais, físicas, da coordenação motora e também da criatividade das crianças. "Antigamente não existia computador, televisão, então, o lúdico das crianças era mais aguçado. Pense em como é interessante para os pequenos poder produzir o brinquedo com a qual eles se divertirão depois", comenta.

Desta forma, ela elogia a realização de eventos como o 28º Festival de Pipas Raul Albieri, organizado por O Imparcial e parceiros, que ocorre neste domingo, no campo de futebol da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp), em Prudente.

Para a pedagoga, eventos como esse, além de oferecer lazer e diversão, propiciam o relacionamento familiar. "Os dias modernos são tão corridos que, infelizmente, os pais quase não têm muito tempo para ficar com os filhos. O campeonato de pipas é uma ótima oportunidade para resgatar estes laços entre os diversos membros da família e não deve ser perdido", diz. Para incentivar a brincadeira, a educadora reuniu seus alunos da Escola Municipal Professora Carmem Pereira Delfim, em Prudente, para juntos montarem uma pipa. A atividade se desenvolveu na tarde de ontem.

 

Festival de Pipas

Agora que você já conhece um pouco da história da "curica", é hora de pegar a linha, varetas, cola, tesoura (sem ponta), papel de seda e sacola plástica (rabiola) e preparar seu brinquedo para a 28ª edição do Festival de Pipas. A inscrição é gratuita e pode ser feita no local do evento. A competição terá início às 9h. O tema deste ano é Juventude e Cidadania. Os três primeiros vencedores de cada categoria – maior, criativo e temático –, além do campeão da Destaque Especial, levarão troféu e bicicleta para casa.

 

 

SAIBA MAIS

MÃOS DADAS

O 28º Festival de Pipas Raul Albieri é realizado por O Imparcial, FCT/Unesp e Prefeitura de Prudente, por meio das secretarias municipais de Esportes (Semepp) e de Cultura (Secult), com colaboração da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e do Tiro-de-Guerra. Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Uepa Sorvetes, Panificadora Chantilly, Band, Caiuá Distribuição de Energia S/A, Vip Door Painéis & Outdoor, Refrigerantes Funada, Vidro Curvo, Alimentos Wilson, Cultura Inglesa, PB Lopes, Andorinha, Multisinais e Audi Propaganda patrocinam o evento.
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