Alunos da Emeif (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Vereador José Molina, no Distrito de Coronel Goulart, em Álvares Machado, estão vivenciando novas experiências de aprendizado “em campo” com o professor de Ciências Físicas e Biológicas, André Gonçalves Vieira, 41 anos, que é mestre em Gestão de Recursos Hídricos. Ele iniciou juntamente com a diretora da escola, Rosa Maria Costa dos Santos, um programa-piloto com a turma em torno de 35 alunos do 6º ao 9º ano, com foco na educação ambiental, na sustentabilidade. E, na última semana, ele e a turma do 7º ano fizeram uma visita à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), onde puderam ver como funciona na prática o abastecimento de água.
Segundo o professor, esta foi só foi a primeira de várias atividades já programadas para serem desenvolvidas ao longo do ano. Conforme André, já estão se preparando para a Semana do Meio Ambiente, e com os alunos, que serão os multiplicadores de boas atitudes, pretendem envolver a comunidade para que esta tenha uma consciência maior a respeito do descarte regular de resíduos.
Com o período de estiagem estabilizado, o professor quer levar seus alunos para conhecer outros lugares importantes como o campus 2 da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), a Unesp (Universidade Estadual Paulista) e o Rio Santo Anastácio, que passa nas proximidades da escola.
“Quero ver um ponto mais viável dele, ou um pouco mais a frente, onde tem um afluente do rio para ensiná-los na prática como fazer cálculos de drenagem, de vazão do rio. Para eles entenderem por que ocorrem enchentes, qual a taxa de impermeabilização. E isso dá para aplicar para alunos do 6º ano, porque são cálculos simples, apenas com multiplicação”, expõe o professor.
Na Sabesp, os alunos foram recebidos por Alessandro Roberto Cardoso, agente de Saneamento Ambiental da companhia, que mostrou a eles toda a parte tecnológica da unidade, enquanto o professor André, como mestre em Gestão de Recursos Hídricos, ficou com a incumbência de explicar o que acontece no dia a dia como: “não se paga a água”, e sim o tratamento dela; o porquê essa água precisa ser tratada; quais os efeitos na saúde humana quando se ingere água não tratada; por que se paga o tratamento de descarte de esgoto para ser lançado no rio; a tecnologia usada, etc.
Orgulhoso, o professor diz que as crianças entenderam até a importância da qualidade da água que os poços caipiras ou artesianos precisam ter. Ele menciona que é claro que se a pessoa não tem acesso vai beber a água como está, mas é importante pelo menos uma análise mínima para coliformes fecais, nitrito e nitrato, que é o básico. “Coleta-se essa água e manda para o laboratório para saber se está contaminada ou não. E então diminui a quantidade de doenças que se pode ter ao longo da vida. Eles entenderam tudo isso e ficaram encantados com a demonstração do Alessandro do sistema de filtragem, com a drenagem”, destaca o professor.
Segundo o mestre, quando uma criança faz uma argumentação, historicamente os adultos não lhes davam voz antigamente, mas hoje eles começam a repreender. Porque temos em nosso consciente que estamos fazendo errado, mas fazemos por ser mais rápido, mais prático. E quando a criança chama a atenção para isso a gente cai em si: ‘poxa, eu estou errando nisso mesmo’. E muitas vezes nos sentimos envergonhados e procuramos corrigir”, frisa o professor.
E quando a criança começa a despertar isso no adulto, principalmente falando no descarte regular de resíduos, ou desperdício de água, André salienta que elas começam a mostrar que o problema ambiental está no dia a dia, a todo o momento, a partir de quando se levanta da cama.
“Por exemplo, faltou água. Por que faltou água? Por que é coletada no Rio do Peixe, 42 quilômetros, não podiam estar coletando água aqui no Rio Santo Anastácio se não estivesse desperdício nele, recuperado a bacia hidrográfica? Estas são curiosidades que eles naturalmente despertam nos adultos”, acentua.
Para o professor André, a experiência nessa escola tem sido incrível. A inocência das crianças que ainda existe num local menos urbanizado, mais próximo da zona rural, é naturalmente evidente. “A gente costuma dizer que o povo da cidade acha que o leite vem da caixinha, e na cabeça deles, o que achamos normal é coisa de outro mundo. É uma dicotomia mesmo de vivências”, exalta o professor.
André ganhou da coordenação da escola o posto para tomar conta da horta, que está em fase de implementação, porque a unidade quer que as crianças se envolvam para aprenderem a importância de pequenos espaços, fazer o cultivo, esse trato cultural com o contato com a terra, entender os micro-organismos do solo.
“Quando você trabalha com um grupo menor é possível ver as dificuldades que tem, as vantagens, dá para atender melhor até individualmente. E eles são bem engajados, envolvidos. Quando a gente fala que vai fazer atividade de campo, eles se comportam, ficam atentos e muito animados. Tem sido realmente muito bom trabalhar nessa escola, com estas crianças”, enfatiza o biólogo.
Foto: Cedida
Professor André e a turma do 7º ano que visitou a Sabesp
