Envolvidos há mais de 20 anos com a arte e cultura de Presidente Prudente, os produtores culturais Hannaell Mendes, da Companhia Garimparisos e Elias Ferreira fazem um apelo aos empresários da cidade e região, para quem apoiem, através das leis de incentivo, os inúmeros artistas locais existentes por aqui.
Como já publicado em outra reportagem neste impresso, o mecenato é uma dessas iniciativas de apoio que pode ser adotada por empresários e também pessoas físicas, via renúncia fiscal e patrocinar ou doar parte dos tributos pagos ao governo, através de impostos.
De acordo com os produtores, infelizmente, existe a desinformação deste procedimento e as pessoas se sentem confusas e temerosas no que devem fazer com medo de sofrerem prejuízos. Mas nenhum centavo a mais ou a menos será tirado do bolso de ninguém, pois o valor direcionado a qualquer projeto cultural é deduzido 100% do imposto de renda, do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) ou do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Em visita ao jornal, Ferreira e Mendes falam da luta por uma cultura mais amparada
Conforme os profissionais da arte, muitas empresas não sabem como fazer isso, pois não possuem profissionais interados no assunto. Um escritório de contabilidade, por exemplo, se tem conhecimento e sabe como informar seu cliente das vantagens que pode ter, direcionando seus recursos para patrocinar a arte, já facilita para a compreensão e contribuição deste.
"Acredito que o empresário não tem a obrigação de investir na arte, mas o dever, pois é algo que vai impactar positivamente na sociedade. A iniciativa privada atuando junto pode ajudar nossos artistas a se popularizarem na sua rua, em seu bairro, sua cidade e vencerem barreiras, indo além", destaca Mendes.
Ele expõe que existem muitos grupos na cidade com projetos aprovados em leis de incentivo de ICMS e até da própria Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura), mas que não chegaram a concluir a captação dos valores totais, pois existe um certo receio do empresariado. Além da falta de informação sobre o assunto, ou ainda a falta de interesse pela arte, uma vez que não conseguem ver esse financiamento como fonte de investimento, de retorno para suas empresas.
"Fui convidado pela bailarina Helga Urel para fazer a captação de dois projetos de dança de sua companhia , então pedimos aos empresários que nos recebam para conversarmos sobre estes trabalhos que têm fundamentos, e que além de ajudá-los a serem executados, poderão ter retorno positivo", frisa Ferreira.
Imposto devido
Ferreira e Mendes salientam que no exterior, há muito tempo já existe o financiamento coletivo, pois lá eles entendem que investir na arte/cultura é retorno certo e que esta é transformadora em todos os sentidos: pode educar, fazer sorrir, dar vida às pessoas.
"Sua contribuição será apenas de imposto devido que, em algum momento de seu exercício anual, ele deverá disponibilizar esse recurso para o governo, que vai investir onde quiser. Muito se reclama da saúde, educação, transporte, quer dizer, não se sabe onde seu dinheiro está sendo aplicado. Por isso é interessante direcionar esse valor", pontua Mendes.
"E dispondo isso para um projeto cultural, de contrapartida sua empresa será divulgada, pois o artista vai levar a sua marca, seja no seu boné, folder, camiseta, etc. E assim, na medida que as pessoas vão vendo sua empresa, obviamente sua visibilidade aumenta", acentua Ferreira.
Qualidade não aproveitada
Mendes lamenta que o artista prudentino tenha tanta qualidade, mas não seja valorizado à altura e como merece, como ocorre com os que vêm de fora. E é isso que querem mostrar ao empresário local: a desvalorização destes que é feita abertamente.
Segundo ele, existem sim, várias empresas que apoiam a cultura/arte, mas quando vem de fora, enquanto que os daqui sofrem em busca de se manterem como podem com recursos próprios.
"Não a toa, muita gente boa daqui vai embora, faz sucesso lá fora e muitas vezes ninguém nem sabe que são de Presidente Prudente", concluir Ferreira.