Ao conversarmos com os jovens sobre suas aspirações futuras percebe-se que muitos almejam trabalhar em profissões, no mínimo, inusitadas. Em meus últimos tempos como professora do ensino fundamental 1, ao indagar um de meus alunos sobre o que gostaria de fazer, ele respondeu: “Quero ser um Youtuber”. Um conhecido site sobre carreiras afirma que muitos de nossos alunos hoje exercerão profissões que sequer existem. Nesse caso, é preferível apontar grandes áreas de atuação, como por exemplo, Sustentabilidade, Infraestrutura, Saúde e Qualidade de Vida, Recursos Humanos, Marketing e Vendas, TI (Tecnologia da Informação) e Direito, sem mencionar especificamente algumas profissões.
“Interessante” é perceber que poucos mostram a Educação como uma área promissora, embora ela esteja na essência de todas as demais áreas. Entretanto, o surgimento de novas técnicas, as invenções tecnológicas e a sistematização de processos, que podem viabilizar meios de vida sustentáveis, dependem da criação humana. Esse é o ponto que precisamos nos atentar. Vivemos numa realidade em que poucos pensam na Educação como uma proposta futura, embora muitos reconheçam sua importância para o crescimento tecnológico, econômico e político mundial.
Ainda existe um mito de que para ser professor é preciso ter dom. Examinando minha própria trajetória acadêmica, percebo o quanto isso é ilusão. Quando entrei para o magistério, na década de 1990, achava que nunca seria uma professora, pois não nasci com dom nenhum para a Educação – e eu estava certa, pois não se tratava de dom: eu me tornei professora pela formação que recebi.
Atuando como formadora de professores, tento passar a importância de reconhecer o processo de formação docente. Ninguém se torna professor de um dia para a noite. Aqui nos convém destacar especialmente o trabalho na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Algumas intervenções pedagógicas ocorridas nesse período escolar irão impactar para sempre a vida das crianças e os estímulos recebidos são únicos.
Por mais que sempre apareçam pessoas tentando menosprezar a profissão ou até professores aconselhando seus próprios alunos com frases do tipo: “ainda dá tempo de desistir”, persisto acreditando na Educação. Primeiro, porque temos muitos “especialistas” em tudo, mas que não sabem nada. Na Educação não é diferente, e não é raro encontrarmos pessoas que sequer sabem o que é uma sala de aula (ou que já se esqueceram de como é, devido ao longo tempo fora delas) ocupando cargos que deliberam decisões educacionais. O que seria da própria Educação se não fossem os professores?
Segundo, pois creio que nada seria possível – mundo tecnológico, evoluções conceituais, descobertas de curas, mudanças sociais, entre tantas outras coisas – sem a figura do professor. Ele é muito mais que um trabalhador da Educação. O professor é um formador de pessoas e são elas que personificam esse mundo. Como diria Paulo Freire: “Se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a educação pode”.