Primeiro coração infantil é captado no HR de Prudente

O fígado e os rins da menina de Iepê, 12 anos, vítima de um AVC, também foram doados, sendo destinados a São Paulo, Sorocaba e Marília; operação envolveu 22 profissionais, ontem

PRUDENTE - ANNE ABE

Data 25/08/2017
Horário 12:27
José Reis, Procedimento de extração ocorreu no Hospital Regional e envolveu 22 profissionais
José Reis, Procedimento de extração ocorreu no Hospital Regional e envolveu 22 profissionais

Pela primeira vez, o Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente sediou uma captação de coração infantil, na manhã de ontem. Um ato que representa o luto de uma família trouxe esperança de vida para outras quatro crianças, que aguardavam na fila do transplante de órgãos, pois também foram doados o fígado e os rins.

A operação envolveu 22 profissionais, entre estes, estavam as equipes do Incor (Instituto do Coração de São Paulo), do Hospital Unimed de Sorocaba, que retiraram o fígado, e da Santa Casa de Misericórdia de Prudente, responsável pelos rins, que serão destinados à Marília (SP), onde serão distribuídos em até 48h. O pulmão também seria doado, no entanto, ao retirá-lo, o órgão apresentou alterações que impediram a viabilidade para o transplante, conforme informado pelo médico coordenador da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes do HR, Renato Mazzaro Ferrari.

O médico explica que o processo de extração leva cerca de quatro horas para ser concluída, a qual as crianças são mais resistentes, mesmo sendo idêntico ao de um adulto. Após a operação, os órgãos foram transportados em caixas térmicas, por via aérea, até os hospitais de destino, onde foram implantados em outras pessoas que já estão aguardando.

“É muito importante que essas doações ocorram, pois, pela nossa estatística interna, temos um doador infantil para cada 50 doadores adultos. Então, a chance da criança sobreviver a essa necessidade é muito mais diminuta”, ressalta o médico coordenador a respeito da relevância do procedimento. Acrescenta que os casos envolvendo crianças são mais delicados, pois “todo mundo espera a morte de um pai, mas ninguém espera a morte de um filho”.

 

Coração pulsando

A doação veio de uma menina de 12 anos, moradora de Iepê, que faleceu na tarde de quarta-feira, devido a um AVC (acidente vascular cerebral). A irmã, Andrea Monteiro da Silva, 32 anos, relata que na terça-feira, após retornar da escola, a criança reclamou de uma forte dor de cabeça e, por isso, foi levada ao hospital de sua cidade. No local foi internada, mas o quadro piorou, chegando a ter até convulsões e foi transferida para Prudente. 

A família recebeu a notícia do óbito às 16h e, inicialmente, a ideia da doação era vista com certa resistência por parte do pai da criança. Após “difíceis conversas”, Andrea Monteiro conta que foi levado em consideração o desejo da menina, caso estivesse em vida. “Ela era uma menina que sempre gostou de ajudar os outros e salvar os animais. Agora está salvando vidas de outras pessoas”, conta.

Apesar do momento difícil, ajudar o outro foi o que motivou a decisão tomada pela família, sendo entendida como uma forma de amenizar a dor, tendo em vista que “o coração dela estará batendo no corpo de outra pessoa e ajudando as mães que estavam com seus filhos à beira da morte”, expõe a irmã.

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