A semente plantada por "tão brava gente" vingou e tem crescido há 97 anos. O "orgulho dessa gente prudentina" está a três anos de seu centenário e, segundo estima o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já abriga 220.599 pessoas em 562.794 km² (quilômetros quadrados) de área territorial. Desde o prefeito Pedro de Mello Machado, primeiro a governar a cidade em 1923, até Milton Carlos de Mello, Tupã (PTB), atual gestor da cidade, ocorreram tantas mudanças que se pudesse reescrever o Hino a Presidente Prudente, César Cava provavelmente não citaria apenas o "branco algodão e a loura espiga". Mesmo com tantas evoluções, uma coisa é certa: a história da capital do oeste paulista permanece intacta e vale a pena ser relembrada. As informações foram fornecidas pelo historiador Ronaldo Macedo.
Município começou a se desenvolver às margens dos trilhos; Vila Marcondes é a mais antiga
Não há como falar do nascimento da cidade sem citar os coronéis Francisco de Paula Goulart e José Soares Marcondes que, por mérito, são louvados no hino da cidade. Segundo o historiador, os dois fazendeiros de café e negociantes de terra foram responsáveis pela fundação e colonização da cidade que nasceu da união e expansão de dois núcleos urbanos criados por eles às margens dos trilhos.
Goulart, em 1917, se instalou ao lado de uma fazenda que pretendia abrir para plantar café, criando assim a Vila Goulart. No local, ele comercializava as terras de seu vasto latifúndio aos interessados que, no geral, eram lavradores, mas também pessoas com o intuito de explorar o comércio.
Já Marcondes desembarcou na estação em 1919, quando o povoamento da área havia crescido por conta da inauguração do tráfego normal de trens pela Estrada de Ferro Sorocabana. Ele era proprietário de uma empresa colonizadora para a venda de terras e, em pouco tempo, negociou todos os lotes que possuía, criando a Vila Marcondes defronte à Vila Goulart.
Com estes relatos, não é de se estranhar que a região central seja considerada a mais antiga da cidade. Como lembra a Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação), o espaço, a partir da estação ferroviária, passando pela Praça da Bandeira e camelódromo, recebia as grandes indústrias e cerealistas da época.
Culturas
O café era a atividade econômica mais importante nos primórdios do município. "A busca de solos virgens para o café, a especulação com terras, a colonização pelo loteamento de grandes glebas e a ferrovia resumem as características de povoamento da Alta Sorocabana, pertencente ao ‘Sertão do Paranapanema’". Em 1940, 70.516 pessoas habitavam na cidade, a maioria em sua área rural que hoje constitui uma minoria, de acordo com a secretaria.
A despeito da cultura, vale citar que uma crise na década de 30 abriu espaços para a entrada do algodão, que atraiu empresas nacionais e internacionais à região, e posteriormente o amendoim também ganhou sua área. As plantações de arroz, milho, feijão e batata ainda ajudavam o agricultor a financiar a lavoura de café e a levar sustento à sua família.
SAIBA MAIS
O NOME
Antes de receber o nome do primeiro presidente civil do país, a cidade de Presidente Prudente foi chamada de Vila Goulart, Veado - por conta do córrego do Veado que cortava a área - e Anta – devido a grande população deste animal que habitava as matas e rios. Mont’Alvão também foi cogitado. Seu nome definitivo foi sugerido pelo filho do presidente Prudente de Moraes à direção da Estrada de Ferro Sorocabana. Daí, então, seguiu-se a tradição de nomear os municípios que surgiram ao longo da linha férrea com nomes de ex-presidente, a exemplo, Presidente Venceslau, Presidente Bernardes e Presidente Epitácio.