Em relato concedido a O Imparcial, na tarde desta segunda-feira, o prefeito de Presidente Prudente, Ed Thomas (PSB), falou sobre a situação crítica do transporte público na cidade. Para o chefe do Executivo, o pedido de 90 dias da Company Tur Transporte & Turismo – Prudente Urbano não interessa ao poder público. “A Prefeitura não tem o interesse, na verdade, de continuar com a empresa. Por que? Porque a população não tem interesse há muito e muito tempo. Por que? Porque não foi atendida com o tempo e a empresa não cumpriu com aquilo que ganhou [no contrato de licitação]”, pontua. Segundo ele, o contrato com a empresa será denunciado por falta de atendimento à população.
Conforme indica o prefeito, os ritos jurídicos de contratos recebidos serão cumpridos na forma da lei, mas “todos têm direitos e têm deveres”. “Na realidade existe um contrato, uma licitação ganha, e que infelizmente deveres não foram cumpridos. E não é só de janeiro até agora, novembro, bem antes da pandemia já tinha problemas. Tanto tinha problemas que eles entraram lá pedindo um reequilíbrio de R$ 8,5 milhões para a Prefeitura alegando defasagem na passagem”.
Segundo Ed Thomas, a Prudente Urbano não deve se defender dos apontamentos feitos pela auditoria de intervenção do poder público no transporte coletivo e, sim, provar que está apta a retomar a operação do serviço. “É fazer funcionar. Se ela quiser continuar, a empresa tem que se adequar cumprindo com aquilo que nós denunciamos com a auditoria de intervenção: pagar fornecedores, credores, pagar a Prefeitura, os impostos, as dívidas trabalhistas”, enumera o prefeito.
Um dos representantes da Prudente Urbano, Paulo Humberto Naves Gonçalves, concedeu à reportagem a sua perspectiva sobre a crise do transporte público coletivo em Presidente Prudente. Conforme indica o sócio da Company Tur, uma análise está sendo realizada quanto ao prazo concedido nos termos da lei para a empresa apresentar condições para reassumir a operação do serviço. “Estamos analisando o que se tem a fazer. Eles [Prefeitura] acham que nós descumprimos o contrato e nós não concordamos. Estamos há dois anos sem reajuste da tarifa. Com tudo aumentando, principalmente o combustível! Mas tudo sobe sem parar, peças, pneus, tudo que é necessário para manter os ônibus rodando! ”, argumenta.
Paulo Humberto reage com estranheza ao dissertar que a imprensa não noticia a alta do diesel, como informa o aumento nos preços do etanol e da gasolina. “Às vezes, a imprensa nem noticia. Só noticia álcool e a gasolina, nunca se fala no diesel, que sobe mais que estes dois, não sei o porquê”. De acordo com o representante da Prudente Urbano, a pandemia fez com que a situação da empresa piorasse e que, também, não há comunicação com a atual gestão do Executivo para ajustar tal conjuntura. “E mais, as nossas despesas de mão de obra, a diminuição de passageiros que houve. A empresa aqui, com a pandemia, veio para um terço do que ela tinha de passageiros. E, desde do ano passado, estamos tentando falar com os prefeitos, o anterior e o atual, e ninguém nos recebe, quer dizer, o anterior até recebeu, o atual não recebeu, passou tudo para o secretário. Então, aí não tem como, porque a situação fica inviável. Quer dizer, ele quer chegar lá e quer que você rode, mas não tem a contrapartida e o contrato prevê que o equilíbrio econômico-financeiro tem que ser mantido”, defende.
De acordo com o sócio da concessionária, “em muitas cidades há subsídios para as empresas que operam o transporte público coletivo, algo que não acontece em Presidente Prudente”. Paulo Humberto também fala sobre a redução de veículos da frota da Prudente Urbano e o processo de intervenção pelo município. “E eles [Prefeitura] querem que a qualidade do transporte seja mantida. O transporte hoje está ruim aqui na cidade. Está na mão deles. Eles é que estão administrando. Realmente, apreenderam alguns carros, mas o número que ficou deveria dar para manter o transporte reduzido que estava. Tem mais de 100 dias que o transporte está por conta da Prefeitura. Está faltando ônibus é por falta de manutenção nos carros que estão na empresa. Os carros foram guinchados, porque eles não deram manutenção”. Para o representante da Prudente Urbano, a crise se aprofundou a tal ponto por conta da falta do reajuste de equilíbrio econômico-financeiro. “A população fica achando que fomos nós que deixamos o transporte urbano na condição que está! Se tivemos o equilíbrio econômico-financeiro obrigatório no contrato, a situação não seria esta”, considera.
Questionado pela reportagem se a Prudente Urbano tem condição de reassumir o transporte coletivo dentro do prazo estabelecido de 90 dias, Paulo Humberto relata que não há possibilidade de se afirmar algo no momento. “Eu não sei. Não vou falar, porque estou aguardando os advogados analisarem o caso. Eu não posso falar que é viável ou não é viável”.
Por fim, Paulo Humberto Naves Gonçalves discorre: “Bom, eu não sei nem as condições que a Prefeitura está dando. Ela ficou com a arrecadação e não pagou as contas. A situação é esta. Quer dizer, todo dia tem notícias de cidades que fornecem subsídios às empresas e aqui não tem. Eles querem dar uma satisfação ao povo: colocar a Prudente Urbano para fora, como se só a Prudente Urbano estivesse errada!”, pontua.
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