Depois do reajuste no valor dos combustíveis, na conta de energia elétrica, taxas e outros, a inflação chegou ao café da manhã dos brasileiros. O pão francês deve ficar até 12% mais caro a partir de abril, em todo o país, conforme estimativa da Abip (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria). Em Presidente Prudente, entre três panificadoras consultadas pela reportagem, uma já aumentou o preço do produto e outras duas afirmam que o reajuste "é só uma questão de tempo".
Em reportagem da Folhapress, empresários do setor avaliam que o dólar acima de R$ 3 (moeda base para a compra do trigo importado) e o acréscimo nas tarifas de energia elétrica forçam o custo da indústria, que logo deverá repassar o aumento ao consumidor. Conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, nos últimos 12 meses o pão subiu 5,40%. Apenas em fevereiro, a alta foi de 1,23%.
Segundo o presidente do Sindipan (Sindicato dos Industriais de Panificação e Confeitaria) de Prudente, José Luiz Coladello, também dono da panificadora Chantilly, não existe nada oficial quanto à elevação do preço no momento, porém ele estima que a farinha ficará 30% mais cara. "A safra nacional acabou agora. Quando começar a importação da nova safra terá um novo acréscimo. É provável que, a partir do mês que vem, a tendência seja de aumento", acrescenta.
Segundo o gerente da panificadora Formosa, Sérgio Rodrigues Teixeira, já houve especulação no mercado sobre o reajuste, porém, em seu estabelecimento ainda não houve a alta. "No ano passado, na mesma época do ano, tivemos o mesmo cenário", diz.
De acordo com o proprietário da panificadora Empório do Pão, Luis Eduardo Nicoletti Branco, para não assustar e pesar de uma vez o bolso do consumidor, a empresa repassou ao cliente um aumento de 8% no valor do produto, o que deve ser alterado até o próximo semestre. "Deve ocorrer outro reajuste antes do meio do ano", pontua.
No bolso
Quem compra pão todo dia já pode fazer as contas. "De centavo em centavo, no final do mês, pesa. O jeito é substituir por outro alimento", afirma a consumidora Maria Bruno, 55.
O pedreiro Alessandro da Cruz, 40, assinala que devido aos acréscimos, já deixou de consumir o pão. "É difícil, não sei onde vai parar o preço dos produtos", reclama.