Desde março, o ovo ficou quase 8% mais caro, segundo o IPS (Índice de Preços dos Supermercados), calculado pela Apas/Fipe (Associação Paulista de Supermercados/Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Coincidência ou não, o preço sobe quando o consumidor, diante da carne cara, aumenta a demanda pelo produto? “O produtor também tem sentido com as altas cifras dos insumos na produção de um dos alimentos/misturas mais tradicionais do prato dos brasileiros”. É o que garante Verônica Letícia da Silva, zootecnista da Granja Acampamento, de Regente Feijó.
Jefferson Martins, gerente do Mercado Triunfo, localizado no Jardim Maracanã, em Presidente Prudente, concorda com a alta nos preços, embora ele não saiba se tal cenário se dê por conta do preço das carnes, que está nas alturas – visto que em seu estabelecimento não há açougue. “Acontece o seguinte, tanto a carne bovina, quanto suína, frango e também os ovos tiveram um reajuste considerável. Agora, o que posso afirmar é que o ovo subiu absurdamente. Eu vendia a R$ 9,90, R$ 10,90 e foi para R$ 16. Porque trabalho com ovos de boa qualidade, que o produtor tem altos gastos também na produção”, expõe o gerente.
A estudante de Medicina, Ingra Maria Ceribelli Florentino, que é uma consumidora assídua de ovos, endossa a afirmativa dos preços mais salgados. “Como em média de dois a quatro ovos por dia. Gosto de comer no café da manhã com aveia ou com creme de ricota, e antes do treino com batata-doce ou arroz integral. E, realmente, está bem carinho, viu. Antes eu pagava em média R$ 9 a R$ 10 em uma bandeja com 30 ovos e agora não encontro por menos de R$ 15 e, detalhe, na promoção”, comenta a futura médica, que diz ter sentido o aumento de preço no produto de março para cá.
No Supermercado Avenida, que faz suas compras de ovos em Bastos (SP), segundo o gerente João Luis Nicolosi Gasparino, os preços não cresceram, pois o produto esté ultimamente em promoção.
De acordo com a zootecnista da Granja Acampamento, quando se fala em alta de preços dos ovos não se analisa o cenário geral. Segundo ela, o custo de produção está 15% maior que o preço de venda dos ovos. Ou seja, a realidade do produtor é outra.
Conforme Verônica, essa é a questão que mais pega no momento, dos custos, com os insumos para a produção com preços nas alturas. “Na verdade, os produtores estão trabalhando no prejuízo há alguns meses. Muitos estão descartando aves para reduzir o custo de produção. O milho e o farelo de soja, que são os principais ingredientes da ração, subiram demais desde o início da pandemia. E a ração representa uns 70% do custo total de produção”, destaca ela.
Dessa forma, a profissional explica que para reduzir os custos os produtores estão mandando as aves mais cedo para o frigorífico. Muitas propriedades foram mais radicais e reduziram até o alojamento de pintainhas para diminuir os custos. “O descarte também realizamos, mas isso não, porque atrapalharia todo o ciclo. A galinha permanece na granja 100 semanas, então, se não alojamos um lote nesse mês, por exemplo, fica uma falha na nossa produção por mais ou menos um ano e meio. E lá na frente o cenário pode estar melhor”, explica.
Verônica ressalta que a Granja Acampamento tem trabalhado reduzindo a inclusão de alguns ingredientes para baratear sua fórmula de ração. “Como o clima está fresco, as aves comem mais e, por isso, conseguimos trabalhar com rações menos ‘adensadas’, com menos nutrientes, porque ela compensa os nutrientes no consumo”, acrescenta a zootecnista da Granja Acampamento, que tem seus ovos comercializados em várias cidades do Estado de São Paulo como Álvares Machado, Emilianópolis, Floresta do Sul, Piquerobi, Pirapozinho, Presidente Venceslau, Ribeirão dos Índios, Santo Anastácio, Lins e Tupã. Além de outras no Paraná e Mato Grosso do Sul.
Foto: Cedida
Ingra, que não fica sem ovos, diz que sentiu o preço mais salgado do produto