PP soma 8.226 casos e se aproxima de série histórica

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 29/04/2016
Horário 10:04
Entre janeiro e abril deste ano, pelo menos 8.226 pessoas tiveram dengue em Presidente Prudente. Divulgado ontem pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), o número representa uma parcela de 3,7% da população da cidade. Desde 1996, ano em que foi registrado o primeiro caso no município, este já é o ano com maior incidência da doença na cidade. Mais do que isso, se somados os registros contabilizados entre 1996 e 2015, o município totaliza 8.624 casos. Ou seja, com mais 398 confirmações, Prudente superaria o número de doentes dos últimos 20 anos.

Na tarde de ontem, a Vigilância Epidemiológica confirmou mais 2.453 casos de dengue no município, o que fez com que os registros positivos saltassem dos 5.773 divulgados na última semana, para 8.226. Das 13.093 notificações catalogadas ao longo do ano, 4.867 foram negativas para dengue, sendo a maior parte dos casos registrada entre janeiro e março. Em janeiro, o órgão confirmou 2.233 casos, enquanto que em fevereiro foram 3.127, e em março 2.562. Já em abril, o número de doentes caiu consideravelmente até agora, com 304 confirmações. Neste ano, Prudente soma 16 mortes em decorrência da dengue.

De acordo com a VEM, esse salto repentino no número de casos se deu em virtude da atualização do sistema nacional. Isso porque, ainda conforme o órgão, a "atualização ocorre de acordo com o recebimento dos exames laboratoriais confirmando o diagnóstico", sendo a confirmação efetivada de maneira laboratorial ou clínica-epidemiológica. "Já eram casos confirmados, mais que ainda não tinham sido computados", confirma a educadora de saúde da VEM, Elaine Bertacco.

 

Série histórica


Recentes ou não, os números divulgados ontem dizem respeito aos casos registrados nos quatro primeiros meses deste ano e expõem a gravidade da situação epidemiológica de Prudente. Com 8.226 casos de dengue, a cidade se aproxima do número registrado ao longo da série histórica dos últimos 20 anos, que foi 8.624.

Em 1996, o município catalogou seus primeiros casos da doença, com nove no total. Após uma lacuna de dois anos sem novos registros, a cidade voltou ao mapa da dengue em 1999, com 12 casos. A década de 2000 teve início com mais 31 casos e em 2006 a cidade registrou a primeira morte por dengue, além de 184 doentes. Em 2010 foram 296 registros, mas foi em 2013 que a quantia de doentes saltou, com 3.740. No ano seguinte foram 216 casos, e em 2015 o número voltou a subir, com 3.346 pessoas com dengue.

 

Ações


Para o geólogo Celso Tatizana, esta evolução no cenário da dengue não é uma exclusividade de Prudente e pode estar relacionada a uma série de fatores. "É um conjunto de coisas que estão acontecendo não apenas em Prudente, mas em diversas cidades. Estive recentemente em Ribeirão Preto e eles estão com esse mesmo problema", comenta o especialista.

A "série de fatores" da qual Celso se refere começa pelas questões climáticas. "Primeiro que estamos em um ano em que ocorreram diversas situações que favoreceram, sobretudo em razão do clima. Fez muito calor, com chuvas regularidades e períodos quentes, isso favoreceu a proliferação do Aedes aegypti", afirma.

Mas, para o geólogo, passa também pela "inconsequência ou irresponsabilidade" da população e chega até a uma eventual ineficácia das ações promovidas pelos órgãos públicos. "Os métodos tradicionais empregados e indicados pelo governo não têm sido efetivos. A solução não está apenas em tirar o criadouro dos imóveis, nem nos mutirões, pois eles são episódicos, enquanto o mosquito se reproduz continuamente", afirma.

Celso acredita que a cidade só vai se ver livre do mosquito se deixar de tentar acabar com os criadouros e passar a capturar o mosquito. "Se você tira o criadouro, o mosquito irá se reproduzir em outro lugar, faz parte do instinto dele. Então, ele vai procurar as bocas de lobo, os bueiros, os locais escondidos. Se é retirado o criadouro visível, ele procura o escondido. A solução é realizar um mapeamento das áreas escondidas e investir em armadilhas para capturar o mosquito, antes que ele bote seus ovos", considera.

 

SAIBA MAIS

PERÍODO FRIO

Enquanto ações como as indicadas pelo geólogo não são implantadas, a VEM salienta a importância da continuidade dos cuidados, mesmo durante a época de frio. "Temos que alertar a população que o frio não espanta o mosquito. Claro que há uma redução, pois as pessoas andam mais cobertas, mas o mosquito continua seu ciclo normal durante o período do frio. Então, não podemos descuidar dos nossos quintais", reforça Bertacco. E acrescenta que em 2015 não houve interrupção nos casos de dengue durante o inverno. "Antes tínhamos casos até abril, maio, depois dava uma pausa e retornava a incidência entre setembro ou outubro. Agora a dengue ocorre durante o ano inteiro", completa.
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