As questões ambientais de Presidente Prudente e região têm sido estudadas na pós-graduação Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), que tem aproximado os alunos de diferentes realidades, para as quais poderão contribuir em suas atuações nas condições de profissionais com as mais diferentes formações. Aliando teoria à prática, um grupo da especialização em Gerenciamento Ambiental visitou no início do mês cinco áreas prudentinas que foram recuperadas após degradação do solo.
Com o acompanhamento do professor André Gonçalves Vieira, as visitas ocorreram no aterro controlado de resíduos sólidos urbanos; em área de recuperação de voçoroca próxima ao Conjunto Habitacional Ana Jacinta; Parque Municipal dos Ipês, ao lado oposto do Recinto de Exposição Jacob Tosello; Parque do Povo da Zona Leste, nas imediações do Lar Santa Filomena e que abriga o Centro Esportivo Sinval Quirino dos Santos; e no antigo lixão que virou Mata do Furquim e recebeu o nome de Parque Ecológico Municipal Chico Mendes.
Dentre os alunos estiveram os biólogos Paulo Henrique e Ana Caroline. Conforme Paulo, o que mais impressionou foi o poder de regeneração da natureza simultaneamente com o descaso das pessoas. “O lixão antigo, onde a floresta se regenerou muito bem, ainda recebe muito lixo junto com as águas de chuva, sendo que também deveria ser feito um controle da água pluvial nesse ponto”. Também cita o Parque dos Ipês para dizer que quando é feito certo, o resultado final é excelente.
Foto: Cedida
Antigo lixão recuperado com a formação da Mata do Furquim, mas agora atingido por canalização de água pluviais
Para Ana, a atividade de campo foi uma ótima oportunidade para conciliar teoria e prática. “Os pontos que visitamos em Presidente Prudente foram de fundamental importância para o aprendizado”, afirma sobre essa prática frequente não só da pós-graduação em ambiente (especializações, mestrado e doutorado), mas também em outras especializações que praticam visitas técnicas, além das que têm atividades práticas, como são os casos que ocorrem na área de saúde.
Conforme Ana, os locais visitados serviram para mostrar como a interferência humana gera diversos desequilíbrios biológicos no meio ambiente. “Um dos pontos visitados que mais me chamou a atenção foi o do antigo lixão na Mata do Furquim, onde a natureza seguiu o seu curso, conseguindo restaurar a área sem o auxílio do homem. Mesmo com a presença de lixo em estado de decomposição no local, podemos observar que o meio ambiente é resiliente e não precisa de nós, seres humanos, para seguir o seu ciclo de vida”, comenta.
O professor André, da disciplina Estudos e Meios de Recuperação de Solos Degradados, diz que as visitas foram em áreas de recuperação antrópica (pelo homem) e pela própria natureza. “No campo, os alunos puderam observar as formas de degradação e os tipos de recuperação”, conta. Área agropastoril próxima ao Ana Jacinta, um dos maiores bairros da cidade com 2,5 mil moradias e habitado desde 1993 juntamente com dois núcleos menores de 500 casas do Mário Amato e 104 da CDHU, foi degradada devido à galeria lançar água pluvial diretamente no solo.
O proprietário rural sofreu o impacto da perda de área com a degradação, sendo que em casos como este na recuperação do solo pode ser utilizada a bioengenharia, também chamada de engenharia biológica, e recuperação com a utilização de maquinários. No aterro controlado foram observadas as formas de recuperação da área: monitoramento da água superficial e subterrânea, monitoramento dos gases e a sua queima, controle de manutenção de taludes e recuperação com plantio de grama.
A área do aterro poderá vir a abrigar um parque no sistema boulevard. Mas o aterro gera outro impacto: o da área de onde é retirada a terra para fazê-lo. Na área da extração de terra ocorre a degradação, pois quando corta o relevo acontece a mudança da característica da paisagem natural. Como metodologias de recuperação podem ser adotada a cobertura por floresta ou para atividade agropastoril. O Parque dos Ipês é o resultado de uma técnica de recuperação ecológica.
A cobertura vegetal, além de resolver o problema de erosão, otimiza a qualidade e o volume de água e no referido parque melhora a nascente do Córrego do Cedrinho. Nas proximidades do Lar Santa Filomena, a recuperação foi de caráter socioambiental, com a intervenção de resultado em áreas de esportes e lazer, incluindo campo de futebol e praça, e parte de reflorestamento. No antigo lixão da Mata do Furquim, a recuperação foi natural, porém sofre com o problema de águas pluviais canalizadas no Parque Primavera aflorando o lixo que está sendo transportado para o corpo hídrico.
Fotos: Cedidas
Área da jazida de terra para cobertura diária dos resíduos domésticos no aterro controlado
Grupo que fez as visitas técnicas pela especialização em Gerenciamento Ambiental