Vivemos em um mundo onde a obesidade deixou de ser uma questão individual para se tornar uma epidemia global. Mas será que o problema está apenas em comer demais ou em se exercitar de menos? A resposta é mais complexa e inquietante: estamos cercados por um ambiente que nos faz ganhar peso e pior, que dificulta perder.
Pense nos seus avós. Eles cresciam em um tempo em que as refeições eram feitas em casa, com alimentos frescos e naturais. Comer fora era um evento raro, e o consumo de ultraprocessados praticamente inexistia. Hoje, vivemos o oposto. Comida hipercalórica, barata e de baixa qualidade está a poucos passos de distância, pronta para ser consumida a qualquer hora do dia ou da noite. Essa abundância, aliada à falta de nutrientes essenciais, não apenas engorda ela adoece.
Mas o problema vai além do que está no prato. A sociedade moderna é movida por estresse. Trabalhamos demais, dormimos pouco e carregamos responsabilidades que parecem não caber em um só dia. Em resposta, nosso corpo ativa um mecanismo de sobrevivência, liberando cortisol, o "hormônio do estresse". E adivinhe o que ele faz? Aumenta o apetite por alimentos gordurosos e açucarados. Não é falta de força de vontade; é a biologia nos pregando peças.
E então, surge um círculo vicioso. O peso extra traz cansaço, dificuldades de mobilidade e até discriminação social. Isso gera mais estresse, mais ansiedade, mais comida. Essa batalha diária drena nossa energia e, muitas vezes, nossa esperança. Como podemos vencê-la?
Talvez a pergunta deva ser outra: quem são os verdadeiros culpados? Durante décadas, ouvimos que a solução estava em "comer menos e se exercitar mais". Mas será que essa mensagem individualista não nos desviou do verdadeiro problema? O ambiente em que vivemos — saturado de alimentos ultraprocessados, jornadas exaustivas de trabalho e desconexão social — é um dos maiores responsáveis pela crise de saúde que enfrentamos.
Reflita: quantas vezes você comeu algo sem sequer estar com fome? Talvez porque estava triste, entediado ou simplesmente porque estava disponível. Esse comportamento não é falha sua; é o reflexo de um sistema que transforma a comida em alívio emocional, entretenimento e até recompensa. E a conta chega: diabetes, hipertensão, problemas cardíacos. Estamos nos adoecendo sem perceber.
Mas há esperança. A primeira mudança começa no pensamento. Precisamos reconhecer que a obesidade não é apenas uma questão de escolhas individuais, mas de como vivemos enquanto sociedade. O que você pode mudar na sua rotina para priorizar o que realmente importa? Como podemos, juntos, criar um ambiente que valorize saúde em vez de conveniência, qualidade em vez de quantidade?
O maior desafio da nossa geração não será apenas perder peso, mas ganhar consciência. Só assim poderemos nos libertar de um sistema que se retroalimenta com a nossa incapacidade de levar uma vida saudável e poder nos reconectar com a verdadeira essência de viver bem. Pense nisso na sua próxima refeição. Talvez seja o primeiro passo para uma mudança maior em você e no mundo.