A população em situação de rua atendida pela SAS (Secretaria de Assistência Social) cresceu 30,7% em um período de cinco meses, em Presidente Prudente. Enquanto no ano passado 140 moradores foram acompanhados pela pasta, hoje o número saltou para 183. Isso significa que mais 43 indivíduos estão vivendo em situação completamente precária pelas ruas da cidade. Para muitos esses homens e mulheres são habitantes invisíveis, enquanto para outros sua presença é incômoda, constrangedora. São seres remanescentes, que subsistem pelas praças, terminais e becos - locais úmidos, escuros e escondidos - os únicos espaços nos quais são aceitos. Melhor dizendo: tolerados.
Neste domingo, um incêndio colocou em discussão a segurança de prédios abandonados. A antiga sede da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), desativada há quase um ano, pegou fogo após ser alvo de constantes invasões irregulares de usuários de drogas e moradores de rua. Pelo menos foi o que apontou a pasta estadual responsável pelo imóvel. A cobertura realizada por O Imparcial na segunda-feira trouxe luz à crise habitacional que o território paulista enfrenta, evidenciada pelas ocupações de prédios ociosos. Muitos “lados” foram ouvidos, mas fez-se necessária uma compreensão mais ampla do problema, causado principalmente pela desestrutura familiar, dependência química e vulnerabilidade social dos “invasores”.
Segundo a assessora da SAS, Maria Helena Veiga Silvestre, a pobreza não é mais o único fator que contribui para o crescimento das pessoas em situação de risco, nas ruas. “O número expande na mesma proporção do uso abusivo de algum tipo de droga, mas, além disso, vale lembrar que nem todos que estão na rua necessariamente moram nela. Alguns simplesmente só voltam durante a noite para casa”, observa. A fragilidade de vínculo familiar também é outro ponto que a SAS considera como prevalente neste cenário, e conduz essas pessoas a um constante processo migratório dentro da própria cidade.
Serviços oferecidos
O cenário de crescimento expressivo dos moradores de rua é recente. Em 2016, a população era composta de 130 pessoas, conforme noticiado por esse diário. O local de maior concentração é o Terminal Rodoviário Comendador José Lemes Soares, o Camelódromo e a Praça Nove de Julho. Com um tímido crescimento em 2017, para 140 pessoas, chama atenção os quase 200 registrados em maio deste ano. E para atender a demanda de todos a SAS oferece dois principais serviços de apoio aos que estão nessa situação: o Centro POP e o Serviço de Acolhimento.
O primeiro é o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, que trabalha com um efetivo de 10 profissionais especializados em áreas como psicologia, pedagogia e serviço social e que atua com uma equipe de abordagem no município, de acordo com a assessora. “Com um cronograma de ação com dias e horários agendados, o centro é composto por três ‘monitores’ nas ruas de Prudente. No momento da abordagem nos pontos estabelecidos, a solicitação é feita como um momento de reflexão e orientação numa tentativa da pessoa entender o perigo que é ficar nas ruas”, explica Maria Helena. Entretanto, também é realizada abordagem emergencial onde os profissionais se dirigem até o local em que o morador se encontra, caso algum cidadão tenha feito denúncia via telefone, segundo a assessora.
Em média, 70 pessoas passam por atendimentos psicossociais dentro do Centro POP. “Lá o acolhimento pode ser individual ou em grupo. Daí em diante, será verificada a demanda e real situação de cada um, pois se realmente percebemos que a pessoa deseja mudança, então será encaminhado para nosso segundo complemento: o Serviço de Acolhimento”, diz Maria Helena. Neste, é ofertado todas as condições de hospedagem e higiene pessoal. Localizado na antiga Casa de Passagem da cidade, a assessora salienta que o Serviço de Acolhimento funciona 24 horas e “dá oportunidade de boa alimentação, elaboração de currículos, restauração de documentos pessoais, serviços para ajudar a encontrar a família de cada um, entre outros”.
ALTO ÍNDICE DE CONSUMO DE CRACK
Um balanço realizado em junho de 2016 apontou que nove cidades do oeste paulista apresentam alto índice de problemas relacionados ao consumo de crack. Estavam inclusos na lista vermelha os municípios de Álvares Machado, Dracena, Irapuru, Martinópolis, Osvaldo Cruz, Pacaembu, Presidente Epitácio, Presidente Venceslau e Teodoro Sampaio. As informações foram disponibilizadas pelo Observatório do Crack, portal da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), que busca traçar um mapa da existência e intensidade da drogadição no território brasileiro.
SAIBA MAIS
OUTROS EQUIPAMENTOS
Além dos serviços específicos oferecidos pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) específicos aos moradores de rua, a parcela dessa população drogadicta ou com distúrbios mentais possui uma ampla rede de atendimento no município. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), dentre os equipamentos do município destaca-se a Raps (Rede de Atenção Psicossocial), completamente estruturada que inclui Caps’s (Centros de Atenção Psicossocial): I, II, III, AD (álcool e drogas) e Infantil, além de seis residências terapêuticas com 10 vagas cada e duas UAS (Unidades de Acolhimento), uma adulta e outra infantil. Um balanço divulgado pela pasta em 2017 apontava que apenas o Caps-AD possuía uma média de 600 atendimentos por mês.
SERVIÇO:
Serviço de Acolhimento
Data: todos os dias
Horário: aberto 24 horas
Local: antiga Casa de Passagem
Endereço: Rua Napoleão Antunes Ribeiro Homem, 491 (fundo)
Telefone: 3223-6252
Centro POP
Data: segunda- feira e sexta-feira
Horário: 8h às 17h
Local: Centro POP
Endereço: Rua Siqueira Campos, 1068
Telefone: 3223-8273