Polícia Civil pede prisão preventiva de 4 por assassinatos na P2; Gaeco acompanha caso

Promotor de Justiça Lincoln Gakiya aguarda detalhes dos homicídios que envolvem membros de facção criminosa para avaliar se MPE tomará alguma medida

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 18/06/2024
Horário 13:45
Foto: Deinter-8
Polícia Civil apreendeu dois instrumentos utilizados nos crimes, canivete e haste de metal pontiaguda, de produção artesanal
Polícia Civil apreendeu dois instrumentos utilizados nos crimes, canivete e haste de metal pontiaguda, de produção artesanal

Membro do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPE (Ministério Público Estadual), em Presidente Prudente, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya aguarda os detalhes dos assassinatos ocorridos na tarde desta segunda-feira, na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2 de Presidente Venceslau, para avaliar se o órgão tomará alguma medida em relação ao caso. Explica que, a princípio, a atribuição é da Promotoria Criminal de Venceslau. “Mas, pelas características dos assassinatos, e por se tratar as vítimas de integrantes importantes [da facção criminosa que age dentro e fora dos presídios], há indícios de que a facção tenha determinado essas mortes”, frisa. 
Ainda na noite desta segunda-feira, quatro detentos, com idades entre 45 e 53 anos, apontados como os autores dos crimes, foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio qualificado, por motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos, aponta o Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior). Também foi solicitada à Justiça as prisões preventivas dos agentes, medidas a serem analisadas em audiência de custódia.
Segundo o Deinter-8, equipes da Polícia Civil e da Polícia Técnico-Científica compareceram na P2 e realizaram o levantamento de informações, através de exames e entrevistas. “Foram encontrados e apreendidos dois instrumentos utilizados nos crimes, sendo um canivete e uma haste de metal pontiaguda, de produção artesanal. A equipe de perícias médico legais também foi requisitada e realizou exames necroscópicos nas vítimas e de corpo de delito cautelar nos homicidas”, frisa o órgão.
“A autoridade policial interrogou os autores, mas nenhum deles confessou ou prestou informações úteis sobre os fatos. De posse dos vídeos do CFTV [circuito fechado de televisão] e da prova oral colhida junto aos policiais penais foi possível identificar o envolvimento dos quatro sentenciados e a dinâmica dos fatos”, ainda esclarece o departamento, que pontua que os autores permaneceram presos na P2, onde já cumpriam “longas penas”, inclusive por homicídios. “A investigação de seguimento será realizada pela Central de Polícia Judiciária que prosseguirá com as demais diligências visando angariar outras provas”, encerra.

Velhos conhecidos
Os mortos, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ambos com 48 anos, como noticiado neste diário, foram presos em março do ano passado, durante a Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal contra suposta tentativa da facção criminosa de realizar ataques contra autoridades, entre elas, o próprio promotor Lincoln Gakiya, e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), responsáveis por transferências de líderes do grupo para presídios federais. 
Sobre os assassinatos, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo) detalhou que três dos quatro detentos acusados do crime foram isolados e deverão responder por esse novo delito. Afirmou também que foi instaurado procedimento apuratório para esclarecer as circunstâncias das mortes.
Como publicado em O Imparcial, em despacho da Justiça Federal para acolhimento da denúncia sobre o caso, no ano passado, Nefo e Rê foram descritos como integrantes de liderança e de alta cúpula da facção criminosa. Nefo atuava, segundo a acusação à época, gerenciando as operações do grupo, em contato com outras lideranças e na operacionalização das atividades. Já Rê seria responsável pelo controle de integrantes da facção e o acompanhamento de atividades deles, assim como o gerenciamento de armas e munições e relacionamento com outros grupos criminosos.
Entre os crimes narrados na denúncia de 2023 estavam tentativa de extorsão mediante sequestro, organização criminosa e posse ilegal de arma de fogo, dos quais Rê e Nefo foram acusados e tornados réus. O processo até então corria em segredo de Justiça.
 

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