A Polícia Civil de Sandovalina deflagou nesta quinta-feira a Operação Paz no Campo, que deu cumprimento a dois mandados de busca e apreensão em um assentamento, bem como em um acampamento, com o objetivo localizar uma arma que atirou contra uma máquina pulverizadora, a qual foi atingida no vidro da cabine, em uma haste, bem como no reservatório de combustível, no fim de outubro, na Fazenda São Domingos. A ação faz parte da apuração do crime de disparo de arma de fogo. “As buscas foram realizadas sem êxito na localização de arma, sendo apreendidos celulares para investigação. Diligências continuam para perfeita apuração dos fatos”, destaca o órgão.
Fotos: Deinter-8
Buscas foram realizadas sem êxito na localização da arma, mas celulares foram apreendidos
Alvo de disputa judicial, a Fazenda São Domingos, como noticiado neste diário, que já foi ocupada inúmeras vezes por militantes de movimentos sociais, nas últimas décadas, voltou a ser palco de conflitos. Na data dos disparos, um empregado da fazenda, que operava a máquina alvejada, e seu pai, afirmaram à Polícia Civil que trabalhavam na área horas antes dos tiros, quando foram advertidos por um indivíduo, em um automóvel Gol, que seria do acampamento citado, de que não poderiam atuar em tal espaço por este ser “objeto de conflito”.
Julio Cesar Minca, engenheiro agrônomo que atua junto a um advogado no procedimento de regularização fundiária da área, através da Lei 17.557/2022, explicou à reportagem, na época dos disparos, que o espaço possui vários proprietários e que, um deles, chegou a ceder um espaço ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em uma tentativa de negociação. No entanto, a fim de resolver a questão, um pedido de reintegração de posse da área já foi feito e é analisado pela Justiça.
“O que está ocorrendo hoje na propriedade é que, no meu entendimento, há uma grande quantidade de famílias e a área que eles têm hoje é pequena. Eles acabaram formando um acampamento lá com uma quantidade bem grande de imóveis lá dentro. Então, não deixa de ser uma pressão que eles estão fazendo em relação à questão da regularização fundiária”, comentou Julio.
Envolvidos
Na ocasião, procurado pela reportagem, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), através do militante no Pontal do Paranapanema, Diógenes Rabello, informou que “não existem famílias do MST na Fazenda São Domingos”. Já a FNL (Frente Nacional de Luta), que coordena o acampamento em Sandovalina, não se posicionou sobre o caso.
O Incra, por sua vez, declarou que não autoriza esse nem outros tipos de ocupação em áreas rurais. “Os acampamentos resultam de ações autônomas de movimentos sociais ou de famílias sem terra. A autarquia faz o assentamento de famílias somente em áreas desapropriadas ou adquiridas que estejam sob sua posse, após processos públicos de seleção de candidatos”, apontou.
“Temos conhecimento da existência dessas famílias, em decorrência do trabalho do nosso Setor de Conciliação Agrária Regional, que realiza cadastro de famílias acampadas no Estado. Não recebemos relatos nem fomos acionados sobre o ocorrido, mas caso se configure questão de conflito agrário, o Setor de Conciliação poderá acompanhar a situação e seus desdobramentos”, complementou o instituto.
Foto: Arquivo
Máquina pulverizadora foi atingida no vidro da cabine, em haste e em reservatório de combustível